Mostrar a beleza da África através da sua arte, de tal forma que ela seja exaltada por meio das vestimentas. Uma maneira de expressar que muito fala das pessoas, uma linguagem que vai além do corpo, se revela nos tecidos, cores e estilos. Assim será o Desfile de Moda Afro, que a professora de Moda, L’Hosana Tavares, irá realizar hoje, dia 22 de novembro, às 19h, no Memorial Esperança Garcia.
O desfile faz parte do trabalho final de sua autoria dentro do Atelier de Práticas Educativas, que é parte da pesquisa de doutorado em andamento, no Programa de Pós Graduação em Educação, da Universidade Federal do Piauí. “Sou professora do curso de moda do Instituto Federal do Piauí e estou fazendo doutorado em Educação tendo como orientador o professor Francis Boakari. Ele estuda africanidades e a minha pesquisa passa por esse estudo da moda.
Nós fizemos um curso com um grupo de alunos, de 60 horas, no Memorial Esperança Garcia e depois eles idealizaram as peças”, diz L’Hosana Tavares.
Dentro do curso, vinte horas foram dedicadas a estudar a cultura afrodescendente e cultura africana. Mostrando de onde vieram os africanos, como chegaram aqui e foram se transformaram ao longo do tempo. Eles também mergulharam nesse universo do Brasil estudando e conhecendo dados fornecidos pelo IBGE, ressaltando informações desta população no país. A finalização veio com o desfile que será diferente do que manda um apresentação tradicional. Ele irá desconstruir conceitos a partir da escolha das modelos, segundo a professora.
“São roupas que têm uma pegada dessa cultura, que são as nossas raízes. E as modelos não serão magras como a cultura da moda mostra. Fazemos roupas para gente. Então, na passarela terá deficiente físico, cadeirante, pessoas com síndrome de down, albino. O albinismo é uma representação muito forte dentro das religiões africanas, porque Oxalá é albino, um orixá muito importante. Vai ter uma mulher trans, homossexuais, negros, brancos. Porque é essa miscelânea que forma o nosso povo”.
As roupas trazem também tecidos alternativos, como os que são usados em sacos. “A cultura africana é muito alegre, muito cheia de cores, com roupas de muita largura, batas. Pegamos este tecido porque era muito usado pelos africanos. Os alunos tingiram, bordaram e tiveram que usar de muitos artifícios para costurar”. O resultado poderá ser conferido logo mais no Memorial Esperança Garcia. (Por Liliane Pedrosa)