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Homens brasileiros fazem mais sexo oral que mulheres, diz pesquisa

82,4% dos homens fazem sexo oral e as mulheres 77,5%, no Brasil

Diversas pesquisas são realizadas pelo mundo sobre uma prática comum: o sexo oral. Entre as descobertas mais recentes sobre o tema, tem aumentado o número de pessoas que pratica sexo oral. Porém, alguns estudos estrangeiros mostram uma desigualdade de gênero: os homens fazem menos e recebem mais do que as mulheres.

Na última versão disponível da Natsal (Pesquisa Nacional de Atitudes Sexuais e Estilos de Vida), com dados de 2012 de mais de 15 mil britânicos entre 16 e 74 anos, a disparidade aumenta conforme a faixa etária. Entre 33 e 44 anos, 80% dos homens dizem receber sexo oral contra 75% das mulheres. Na idade de 45 a 54, a parcela masculina que desfruta da prática é de 71% em comparação a 63% das entrevistadas do sexo feminino. E apenas 35% das mulheres de 55 a 64 anos ganham o estímulo contra 52% dos homens na mesma faixa etária.

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A diferença na reciprocidade não se restringe aos mais velhos. Em uma pesquisa com 900 estudantes universitários canadenses, realizada em 2013 e publicada este ano no Jornal Canadense de Sexualidade Humana, mais mulheres (59%) reportaram ter feito sexo oral do que os homens (52%). Além disso, mais do dobro de garotas (26%) do que rapazes (10%) disseram que realizaram a prática no parceiro, mas não receberam o agrado de volta.

Segundo Jessica Wood, uma das autoras do estudo e pós-doutoranda na Universidade de Guelph, no Canadá, uma das explicações para essa desigualdade pode estar na ideia dos papéis sexuais.

Tradicionalmente, as mulheres sempre foram vistas como passivas e submissas, enquanto os homens ocupavam o lugar de dominantes. “Apesar desses conceitos terem mudado ao longo dos anos, ainda há evidência de que esses papéis sexuais influenciam nossas ideias sobre quem tem direito a dar e receber prazer”, explica.

Outra realidade

No Brasil, os dados disponíveis revelam um cenário diferente do das pesquisas estrangeiras, já que os resultados apontam para mais igualdade na prática, com uma atuação ligeiramente maior da população masculina. No levantamento chamado Mosaico 2.0, com três mil participantes entre 18 e 70 anos, divulgado este ano, 82,4% dos homens afirmaram fazer sexo oral em comparação a 77,6% das mulheres.

Para a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora da pesquisa e do Prosex (Programa de Estudos em Sexualidade) da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), aspectos culturais e geográficos poderiam explicar a diferença dos padrões no comportamento sexual. Além disso, hábitos sexuais também ajudam a entender os resultados brasileiros. “A posição 69 é muito difundida e como nessa prática os dois fazem sexo oral ao mesmo tempo isso pode justificar termos números muito parecidos”, diz.

No estudo canadense, apesar de oferecerem menos sexo oral, os homens revelaram apreciar muito mais dar esse prazer às mulheres do que o contrário. Apenas 28% das entrevistadas reportaram a prática como “muito prazerosa” enquanto 52% dos participantes do sexo masculino atribuíram esse mesmo status.

Para Jessica Wood, é preciso mais pesquisas para entender porque, mesmo não sentindo tanta vontade, as mulheres dão mais sexo oral e os homens, apesar de sentirem mais prazer, fazem menos. Com base em descobertas anteriores, a pesquisadora acredita que dificuldades na comunicação, como inibição para pedir oral para o parceiro, e preferências sexuais, como o jeito de fazer ou ficar confortável para receber, estão relacionadas a essas disparidades.

Visão negativa da vagina

A partir do preceito de que existem diferenças de gênero na prática do sexo oral, inclusive entre os jovens, a socióloga Ruth Lewis, da Universidade do Pacífico, na Califórnia (EUA), desenvolveu um estudo qualitativo com 71 participantes entre 16 e 18 anos. Tanto os meninos quanto as meninas apresentaram a percepção que fazer sexo oral em uma mulher é algo "mais complicado".

“O contato oral com a vulva e o pênis são vistos com diferentes custos e benefícios, com diferentes penalidades para a falta de reciprocidade”, diz Ruth. Muitos dos rapazes, além de acharem mais fácil para as garotas darem esse prazer, referiram-se à vagina de forma negativa em suas falas, usando palavras como “suja, nojenta e fedorenta”.

Mesmo com um discurso inicial de igualdade, demonstrando que receber e oferecer é justo, ficou claro que os jovens ainda percebem a prática como opcional para os homens e uma rotina quase obrigatória para as mulheres.