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Correios e sindicato chegam a acordo para pôr fim à greve

O ponto de discordância entre os Correios e os grevistas era o desconto de seis dias não trabalhados

Representantes da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) e da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) entraram em um acordo nesta terça-feira, em audiência no Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília, para finalizar a greve dos servidores dos Correios, que hoje completa 21 dias. A minuta do acordo foi redigida ao final da audiência e assinada por representantes dos grevistas e dos Correios.

A paralisação acaba provisoriamente na quinta-feira e só terá fim definitivo se a proposta acordada hoje for aprovada nas assembleias, que serão realizadas em todo o País a partir de amanhã. A sessão de conciliação durou 4h e foi mediada pela vice-presidente do TST, ministra Maria Cristina Pedruzzi. Caso a categoria não aceite o acordo, o processo será decidido em julgamento de dissídio coletivo e os sindicalistas podem retomar a greve na próxima segunda. Para por fim à paralisação, o acordo deve ser aceito por 18 dos 35 sindicatos que compõem a Fentect. Se aprovado, o acordo será oficializado na próxima segunda-feira.

O ponto de discordância entre os Correios e os grevistas era o desconto de seis dias não trabalhados e o aumento real retroativo a agosto deste ano. A ECT aceitou devolver o valor relativo aos seis dias de salário e fazer o desconto em 12 parcelas a partir de janeiro do ano que vem. O valor deve ser devolvido pela ECT até a próxima segunda-feira. Em contrapartida, os representantes dos grevistas abriram mão de receber o abono de R$ 500,00 e aceitaram incorporar o ganho real de R$ 80,00 a partir de outubro em vez de retroativamente a agosto.

Para o secretário-geral da Fentect, José Rivaldo da Silva, não será fácil fazer a proposta passar nas assembleias, mas há a garantia do comando de greve que haverá a orientação para que os grevistas apoiem o acordo. "O que importa é que o comando de greve sai daqui com uma proposta concreta. Não foi o melhor acordo, mas foi o acordo possível. Nenhuma categoria profissional teve, em 2011, ganho real superior a 5%, e nós tivemos", afirmou.

Os 16 dias parados restantes serão compensados por jornadas aos sábados, domingos e feriados, sem desconto em folha de pagamento. As convocações extras serão avisadas com, no mínimo, 72h de antecedência. A data limite para a compensação desses dias é o segundo domingo de maio do ano que vem.

A ministra sugeriu ainda que o reajuste salarial linear de 6,87% retroativo a agosto de 2011 é "satisfatório", proposta da ECT que foi aceita pelos grevistas. O atual piso nacional para os carteiros é de R$ 807,00. A este valor, são incorporados benefícios como vale-alimentação, vale-cesta, reembolso creche e babá, além de um auxílio para quem tem dependentes portadores de necessidades especiais.

O vice-presidente de gestão de recursos humanos dos Correios, Larry de Almeida, disse que os carteiros serão convidados a trabalhar no próximo feriado, 12 de outubro, para colocar o serviço em dia. "Os Estados em que teremos mais dificuldades serão Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo. Mas nos demais Estados, há locais em que a entrega está praticamente normalizada", disse.

Cerca de 2 mil grevistas de todo o País foram a Brasília nesta terça-feira e fizeram um protesto na Esplanada dos Ministérios. Alguns carteiros ficaram acampados em frente ao TST, esperando pelo fim da audiência de conciliação. Segundo a ECT, cerca de 20% dos 110 milhões de funcionários dos Correios aderiram à greve.

Para tentar diminuir os prejuízos da greve à população, os Correios fizeram mais um mutirão nacional no último final de semana, que resultou na entrega de 13 milhões de cartas e encomendas, além da triagem de 22 milhões de objetos postais. Desde o início da greve, em 14 de setembro, os mutirões foram responsáveis pela entrega de cerca de 25 milhões de cartas e encomendas em todo o País e pela triagem de mais 69 milhões, segundo dados da empresa.