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Sem decotes e transparências, moda evangélica ganha adeptos

Estilo gospel se adapta a tendências da moda segundo princípios da religião.

Ela tem um estilo em que não entram transparências, minissaias, decotes nem roupas sem mangas. Mas está longe de ser careta, sem graça ou fora de moda. Trata-se da moda evangélica, muito bem representada por mulheres que levam a palavra de Deus de acordo com suas convicções religiosas religiões por meio da música e pregações, como Aline Barros, Fernanda Brum, Ana Paula Valadão, Mariana Valadão e Soraya Moraes.

O segmento gospel é grande e, com o aumento de mais 16 milhões de fiéis entre 2000 e 2010 (data do último censo do IBGE), não faltam confecções que produzem peças inspiradas nas tendências nacionais e internacionais, adaptadas para os parâmetros religiosos da exigente clientela.

A calça comprida, em geral, cede o lugar para as saias, sendo as mais ousadas na altura dos joelhos. O mesmo ocorre com o comprimento dos vestidos. Vale ter assimetria, babados, camadas, brilhos, bordados (desde que não chame a atenção para os seios e quadris).

O que não vale é um ombro só, recortes, fendas acentuadas, comprimentos mini. Apesar de a maioria das mulheres preferirem saias e vestidos, as calças compridas entram como complementos de casacos, vestidos e túnicas, como pode ser visto em apresentações públicas como shows e pregações. Em dezembro, no show Promessas, da Globo, Aline Barros e Ana Paula Valadão usaram as peças com brilhos e bordados, sob vestido e túnica.

Cuidados como manguinha para evitar a nudez nos braços e criatividade para acessórios, como lenços, echarpes, calçados (sim, pode usar salto, mas sem exageros) e bolsas estilosas também estão na linha de produção das confecções especializadas.

Outras marcas

Mas há também espaço para marcas não ligadas à religião no guarda-roupa de cantoras como Aline Barros, que não tem um personal stylist e, segundo sua assessoria, recebe às vezes ajuda de sua mãe, Sandra Barros, para escolher o que vestir.

Em seus shows e no dia a dia, suas produções são compostas por marcas como Maria Bonita Extra, Mara Max, Animale, Osklen e John John. Cabem ainda peças feitas para ela sob medida por sua própria confecção Minha Maria, para meninas de 0 a 10 anos, e batizada em homenagem à sua filha, Maria Catherine.

Colega de Aline, a pastora e cantora Fernanda Brum também está no time das evangélicas estilosas por conta própria. Sem a ajuda de um personal stylist, ela conta que compra aquilo que gosta. ?Quando vejo na vitrine e acho que é a minha cara", diz, respeitando as exigências da religião. "Uma marca que uso bastante é a Seven Liz, da minha amiga Liz Lanne. Não costumo aceitar patrocínio de grifes.", afirma.

Adaptação

Nos anos 1990, a Joyaly surgiu da necessidade do evangélico em encontrar produtos do vestuário que atendessem aos critérios da religião, como a saia mais longa e a ausência de transparências e decotes muito chamativos. "Naquela época era muito difícil encontrar produtos específicos uma vez que havia certo preconceito da sociedade e o mercado ainda não dava a devida importância a esse segmento?, conta Alison Joyaly, proprietário da marca que já vestiu a cantora Aline Barros.

Segundo ele, desde o início de suas atividades, sempre experimentaram crescimentos além das taxas de mercado, devido à demanda reprimida que havia nesse segmento. ?Em 2000, quando mudamos para o Brás, onde se concentra o maior polo atacadista de vestuário da América do Sul, tivemos um aumento muito grande em visibilidade e, com isso, a oportunidade de atender clientes de todas as partes do Brasil que vinham ate aqui para fazer suas compras", conta.

Crescimento

Para acompanhar o crescimento do número de evangélicos no Brasil de 26,2 milhões em 2000 (15,4% da população) para 42,3 milhões (22,2%) em 2010 a alternativa da Raje Jeans, em 2007, incorporou-se à mídia digital, marcando presença na web e, em 2010, nas mídias sociais. Hoje, os lançamentos são diários e acompanhados por mais de 30 mil clientes cadastrados em todo o mundo. Só para efeito de comparação com o mercado atual, em 1991, o percentual de evangélicos no Brasil era de 9% e, em 1980, 6,6%.

Segundo Alexandre Iones, da Monia, marca que atua no segmento evangélico desde 1978, em 1999 já existia uma grande procura de seus produtos pelos clientes, por conta da carência de ofertas. ?No ano seguinte, aperfeiçoamos todos os nossos produtos para o mercado evangélico." Hoje, além das quatro lojas em São Paulo, também vende on-line.