O p?blico de cinema no Brasil caiu em 2007. O ano terminou com total de 88,6 milh?es de espectadores (o n?mero de ingressos vendidos nas salas), o que representa uma queda de 2,9% em rela??o a 2006.
Pela primeira vez desde 2002, o p?blico no pa?s fica abaixo dos 90 milh?es. A parcela de espectadores obtida pelo filme nacional (9,8 milh?es) representa 11,1% do mercado, e a renda total (R$ 707,3 milh?es) demonstra aumento de 0,9% em rela??o ao ano passado.
Os dados s?o do Sindicato das Empresas Distribuidoras Cinematogr?ficas do Rio de Janeiro. Na opini?o do presidente do sindicato, Jorge Peregrino (Paramount), os n?meros indicam "estagna??o do mercado".
Para Peregrino, "no Brasil, o pre?o do ingresso ? artificialmente caro, por causa da meia-entrada [para estudantes]. No final, o sujeito pensa duas vezes antes de ir ao cinema".
O distribuidor classifica o ingresso de "artificialmente caro" porque, com a dissemina??o da venda de meias-entradas, dado o uso de carteiras por parte de quem n?o ? estudante, ? minorit?ria a parcela de espectadores que paga inteira.
Classes C e D
Esse fen?meno, na avalia??o do presidente da Cinemark International, Valmir Fernandes, "? o c?ncer do entretenimento no Brasil" e seria o respons?vel por afastar dos cinemas a popula??o de baixa renda.
"Enquanto a minha filha, que possui Ipod, viaja para a Disney, tem acesso a tudo, pagar meia e a minha empregada pagar inteira, n?o h? como querer aumentar o p?blico e a participa??o das classes C e D", diz.
A Cinemark ? l?der no mercado brasileiro. Fernandes comanda as opera?es da cadeia em 13 pa?ses. Ele diz que "a percep??o de que o custo do cinema ? elevado est? muito forte no Brasil", o que julga inexato.
O pre?o m?dio do ingresso no pa?s foi de R$ 8 em 2007. "N?o conhe?o muitas op?es de lazer com a qualidade do cinema por esse n?vel de pre?o", afirma.
O secret?rio do Audiovisual do Minist?rio da Cultura, Silvio Da-Rin, diz que "? procedente o argumento" dos exibidores sobre o efeito prejudicial da prolifera??o indevida de carteiras de estudante, pois isso "desequilibra as condi?es" do neg?cio.
No entanto, Da-Rin observa que o crescimento da renda "mostra que os exibidores t?m se compensado, com o aumento do pre?o m?dio do ingresso, o que ? um processo perverso, porque elitiza cada vez mais o p?blico cinematogr?fico".
Em 1997, o pre?o m?dio do ingresso era de R$ 5,15. O secret?rio diz que o governo est? atento ?s "transforma?es do espet?culo cinematogr?fico", para adequar as medidas que toma, "de maneira a continuar protegendo o conte?do brasileiro no nosso mercado".
Embora o governo adote mecanismos como a cota de tela (que fixa n?mero de dias de exibi??o obrigat?ria de filmes nacionais nas salas), o exibidor Leon Cakoff identifica "falta de vontade pol?tica para fazer com que o cinema brasileiro v? ao encontro de suas plat?ias".
Para Cakoff, "o p?blico do cinema nacional est? na vasta teia de emissoras e retransmissoras de televis?o".
O exibidor sugere que, "taxando-se com 3% o seu faturamento comercial [das TVs] e mais a mensalidade dos assinantes, vamos alcan?ar o para?so das produ?es da Fran?a e da Alemanha, onde triunfa o modelo dos fundos de cinema autoral com garantias de exibi??o ao menos nas TVs. Os melhores das safras de cada ano chegam aos cinemas tamb?m, mas por merecimento".