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Facebook provoca fragmentação e ameaça rede, diz pai da web

Pesquisador também criticou Apple e uso de “aplicativos” no lugar de sites

As redes sociais como Facebook, LinkedIn e Friendster, são uma "ameaça" ao desenvolvimento da internet, e cabe aos usuários da rede pressionar para que "os príncípios da web se mantenham intactos", afirma o pesquisador britânico Tim Berners-Lee, que criou a World Wide Web em 1989, em artigo publicado nesta segunda-feira (22) na revista "Scientific American".

Berners-Lee criticou ainda o risco do surgimento de um monopólio por parte do Facebook - algo que, em sua opinião, "limita a inovação" - e atacou a Apple pelo uso do iTunes e pelo estimulo à publicação de conteúdo em aplicativos, e não na própria World Wide Web. Segundo ele, esse tipo de atitude cria "ilhas de informação", que acabam isoladas do resto da rede.

No texto, Berners-Lee critica a "fragmentação" da informação provocada pelo uso de arquiteturas que dificultam a ligação e a indexação das informações. Recentemente, o Facebook foi criticado por representantes do Google por "trancar" as informações dentro de seu próprio ambientes.

"Quando você coloca informações nesses sites (redes sociais), você não pode utilizá-las com facilidade em outros sites. Cada página é um silo, isolada das outras. Sim, essas páginas estão na internet, mas os dados, não", diz o pesquisador.

"Quanto mais esse tipo de arquitetura ganha força, maior é a fragmentação da web, e menos podemos nos beneficiar de um espaço único e universal de informações."

O pai da web também criticou a Apple por não integrar as informações presentes no sistema de venda de músicas iTunes à web. "Você só pode usar links que começam com "itunes:" no próprio iTunes, software proprietário da Apple. (...) Então você não está mais na web. O mundo do iTunes é centralizado e cercado."

"Outras companhias também estão criando mundos fechados. A tendência para as revistas, por exemplo, de criar "aplicativos para smartphones" em vez de desenvolverem para a web é perturbadora", disse. A solução ideal, segundo Berners-Lee, seria criar "aplicativos para a web que também rodem em smartphones", unificando o conteúdo e mantendo toda a informação integrada à rede.

De acordo com Berners-Lee, o desenvolvimento da internet deveria estar "sob o controle dos usuários", e que, se as pessoas "querem saber o que os governos estão fazendo, o que nossas empresas estão fazendo, entender o verdadeiro estado do planeta, encontrar a cura para o Alzheimer, sem falar em compartilhar fotos com nossos amigos", é obrigação da comunidade científica e da imprensa lutar para que "os princípios da web se mantenham intactos".