O nome artístico não deixa dúvidas: Mulher Filé. A que tem carne para dar e vender. Apesar disso, Yani de Simone ? o verdadeiro nome da funkeira, de 25 anos - chamou atenção de muita gente ao desfilar no carnaval deste ano com seu corpão de 70kg à mostra na Marquês de Sapucaí. O motivo de tanto falatório eram as medidas generosas e nada malhadas de Filé.
?Não estava nem aí se estava gorda ou não. Estava feliz da vida por causa do desfile que tinha feito, era meu aniversário, o pessoal da escola me elogiando. Aí vieram me perguntar se eu estou gorda? Eu estava cagando para isso. Estava feliz?, responde ela com sinceridade farta e uma sonora gargalhada.
Para Mulher Filé fartura é praticamente uma filosofia de vida. No corpo, no que come (?Só não como alface porque é comida de gordo. Pode reparar: todo gordo come?) e no trabalho. Cantando sozinha há sete anos, a funkeira se prepara para ampliar seus domínios. Ela está empresariando os MCs Marlon e Nine, tem uma equipe de DJs, vai montar uma balada na Zona Norte da cidade que vai acontecer todas as sextas-feiras, a Free Day, além de ter a agenda com shows marcados até junho.
?Essa coisa de terem me chamado de gorda foi ótimo. A procura pelos meus shows aumentou em 50%. Já tenho show marcado até junho. Além disso, é muito engraçado, né? Nego malhando, se matando o ano inteiro para desfilar gostosa e quem apareceu foi a gordinha aqui?, ri ela em clima de ode à fartura na churrascaria Pampa Grill, na Zona Oeste do Rio.
Como lidou com a repercussão das suas fotos no carnaval e com as pessoas dizendo que estava gorda?
Quando fui abordada para falar sobre a foto que tinham feito de mim na Avenida, respondi que não estava nem aí. Ganho meu dinheiro, tenho meu público, minha música, meus fãs. Estava feliz da vida por causa do desfile que tinha feito, era meu aniversário, o pessoal da escola me elogiando. Aí vieram me perguntar se eu estou gorda? Eu estava cagando para isso. Estava feliz.
Como pintou o convite para desfilar como rainha de bateria da Em Cima da Hora?
Fui convidada e topei ser rainha de bateria. Carnaval é um hobby. Não queria aparecer, não queria nada. Só queria me divertir. E fui desfilar do jeito que estava. Não procurei emagrecer. Acho engraçado que nego malhou o ano inteiro para desfilar gostosa no carnaval e quem apareceu foi a gordinha aqui (risos).
Peso já foi problema para você? Já quis ser magra?
Sou funkeira e tenho a filosofia de que funkeira tem que ser gostosa. Esse negócio de ser magrinha, deixa para quem trabalha na passarela. Sem contar que mulher brasileira não faz o tipo magrinha. Sempre tive bunda, coxa e nunca pensei em vestir manequim 34, 36. Estou pesando 70kg, visto manequim 40 e me sinto ótima. Meu radar só apita quando a roupa começa a ficar apertada. Aí começa a dar ruim (risos). Mas tirando isso, como de tudo. Ou melhor, menos alface porque é comida de gordo. Pode reparar: todo gordo come.
Tem alguma parte do corpo que não goste?
Só não gosto do meu braço. Fiz natação quando era mais nova e ele cresceu. Mesmo com a lipo que fiz, continuou gordinho.
Você é do tipo que se quiser emagrecer rápido faz lipoaspiração?
Fiz lipo quando tinha 21 anos. Fiz uma na barriga, outra nas costas e nos braços. Só isso. Não sou de extrapolar para depois entrar na faca. Tento manter minha saúde por causa dos shows. Mas se eu tiver incomodada com alguma coisa, entro na faca.
Você malha?
Não estou malhando no momento porque estou sem tempo. Mas faço tratamento estético. Quem tem vida de dondoca e marido para bancar pode malhar até 12 horas por dia. Mas eu não tenho. Tenho que trabalhar para sustentar a minha família. Ninguém me dá nada. E acho que meu corpo está bom e estou feliz assim. No mais, faço endermoterapia para celulite e gordura localizada, uma carboxiterapia e lipocavitação.
Como está seu lado empresária?
Desisti do grupo de funk que estava montando porque as meninas queriam outra coisa e, para me dar pouco retorno, não me interessa. Estou investindo no MC Marlon, que tem 19 anos, e no MC Nine. Além disso, tenho uma equipe de DJs e vou montar uma balada na Zona Norte do Rio, a Free Day, que vai acontecer toda sexta-feira.
Você mudou o visual, raspou a lateral da cabeça. Isso tem a ver com alguma mudança na sua carreira?
Minha diva é a Beyoncé, mas me inspiro muito mais na Rihanna. Ela é tipo eu: f...-se total. Não está nem aí para nada e é diva. Meu novo look, com o cabelo raspado na lateral, é inspirado nela. Estou querendo investir no eletrofunk, que eu acho que é o futuro do funk, a batida que vai estourar. Vou lançar dois trabalhos, que são ?Hoje eu vou me acabar?, que é uma parceria minha com o Yuri, do Bonde dos Hawaianos, e ?Striptease?, que devo lançar até o começo de maio. Essa música vai falar sobre a mulherada que bebe e fica louca, quer tirar a roupa.
Você participou de um reality show no ano passado. Mudou muita coisa na sua vida depois disso?
Foi legal participar de "A fazenda" porque deu para as pessoas me conhecerem melhor. Todo mundo sempre acha que funkeiro é marrento, favelado, as pessoas diziam que queriam ver meus barracos, e eu não fiz nada disso lá. Tem uma coisa que mudou: agora sou chamada para fazer presença VIP. Mas fico muito sem graça. Não sei o que fazer, o que falar. Mas me disseram que não preciso fazer nada. Só chegar, beber e dar tchauzinho de vez em quando. Acho incrível me pagarem pra dar tchauzinho, para me divertir. Mas fico com vergonha, sem jeito e, de vez em quando, pergunto se não querem que eu cante um ou duas músicas (risos).
Seu nome também apareceu recentemente associado ao do seu ex-marido, que foi preso no começo do ano acusado da morte de quatro pessoas.
Quando ele foi preso, a gente já não estava mais junto. Já estávamos separados há um ano e meio, a gente nem se fala. Nunca tive nada a ver com os rolos dele. Tanto é que, quando ele foi preso, as pessoas me ligavam, eu nem sabia o que tinha acontecido.
E você já está namorando de novo?
Já! Já estou pegando gente de novo! E firme! Fiquei dois anos parada, resolvendo a minha vida, mas agora Yani já está na pista de novo. E faço sucesso com minhas curvas. Em nenhum dos lugares que eu frequento, as magrinhas se dão bem. Os caras gostam de bundão, peitão, coxão. Homem gosta de carne. Quem gosta de osso é cachorro.