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Médicos resfriam bebê após cirurgia cardíaca

No exame, o médico acreditou ter escutado um ruído estranho no coração do bebê e pediu exames

Um bebê de 16 semanas passou por duas cirurgias cardíacas e teve o corpo resfriado pelos médicos para que sua vida fosse salva depois de problemas pós-operatórios.

Finley Aaron Burton, de County Durham, norte da Inglaterra, passou 4 dias sedado e com a temperatura do corpo a cerca de 33ºC, enquanto se recuperava das complicações e tinha o ritmo do coração estabilizado por um marcapasso externo.

Quando tinha apenas 10 semanas de idade, seus pais o levaram a um exame médico de rotina, preocupados porque ele não ganhava peso e parecia ter dificuldades para respirar.

No exame, o médico acreditou ter escutado um ruído estranho no coração do bebê e pediu exames mais específicos, entre eles um ultrassom cardíaco e um eletrocardiograma, que identificaram que Finley tinha dois buracos no coração.

Mais tarde, também foi descoberto um estreitamento em uma das principais veias cardíacas.

Por conta disso, seu pulmão trabalhava mais do que o normal, deixando-o mais cansado com o esforço e dificultando sua alimentação.

"Por causa dos buracos, muito sangue era enviado para seu pulmão", disse à BBC Brasil a enfermeira especializada em cirurgias cardíacas em crianças do Freeman Hospital, Paddy Walsh.

Cirurgias

Em maio passado, Finley passou por duas cirurgias no Freeman Hospital, em Newcastle, para consertar os defeitos congênitos. Mas ao fim do procedimento, seu coração passou a bater a um ritmo muito mais rápido do que o normal, o que poderia causar sua morte.

Os médicos apelaram então para uma técnica normalmente usada na recuperação de pacientes de ataque cardíaco - o resfriamento do corpo, também conhecido como hipotermia terapêutica.

A técnica é usada para evitar sequelas e permitir que o ritmo cardíaco se estabilize.

"Ela não apresenta riscos para a saúde", afirma Walsh. "Ela é usada para salvar a vida do bebê, que estava em risco por causa das complicações surgidas após a cirurgia."

O bebê ainda estava sedado quando os médicos usaram um cobertor elétrico para resfriar seu corpo e mantê-lo a uma temperatura média de cerca de 33ºC (a temperatura normal de um bebê é de 37ºC).

A temperatura mínima que pode ser suportada pelo corpo humano nessas condições é de 32ºC.

O procedimento retardou seu metabolismo e fez com que seu ritmo cardíaco diminuísse. Ao mesmo tempo, os cirurgiões o conectaram a um marcapasso para estabelecer um novo ritmo de batimentos.

Finley passou quatro dias sedado e resfriado, até que seus batimentos se estabilizaram.

Em sua página no Facebook, os pais contam como, logo após a cirurgia, os médicos aos poucos aumentaram sua dose de alimentos.

Ao recobrar a consciência, contaram os pais, Finley passou a se alimentar com muito mais voracidade, ganhando peso rapidamente e distribuindo sorrisos, ainda no hospital.

O bebê já está em casa, se recuperando plenamente.

Os pais, Donna Link-Emery e Aaron Burton lançaram uma campanha para arrecadar fundos para o centro cardíaco do Freeman Hospital.