Assim como os alimentos, os produtos de maquiagem também têm data de validade. Dentro desse prazo, o fabricante garante a eficácia e a segurança daquele cosmético. Fora dele, a eficiência vai diminuindo enquanto aumentam os riscos de alergia e irritações. "Em qualquer produto vencido os conservantes perdem sua atividade, favorecendo a oxidação, a decomposição dos ingredientes e a produção de substâncias nocivas à pele", explica Célio Takashi Higuchi, farmacêutico e professor do Senac.
A região em que o produto foi aplicado pode avermelhar, arder, pinicar, coçar, descamar e ficar áspera, e problemas de pele até mais sérios tendem a aparecer. "A maquiagem vencida pode causar irritações, dermatites e até infecções. Batons vencidos facilitam a proliferação de microrganismos, entre eles o vírus do herpes", exemplifica a dermatologista Flavia Ravelli. Produtos como lápis, delineador, sombra e rímel, quando vencidos, são ainda mais perigosos, já que os olhos são órgãos bastante sensíveis. "As principais alterações são coceira, ardor, vermelhidão e aquela sensação incômoda de que há areia nos olhos. Em casos mais graves, há a chance de desenvolver conjuntivite", alerta.
Além dos riscos à saúde, há os prejuízos à aparência devido à mudança na textura dos cosméticos. Bases se espessam, lápis e batons ficam quebradiços e máscaras para cílios ressecam. "Bases, pó e blush podem também perder suas características originais, por exemplo, a função de proteção solar", acrescenta a dermatologista. Da mesma maneira, produtos com ação não-comedogênica, ou seja, que impedem a obstrução dos poros, podem agir de maneira contrária e levar à formação de acne. No entanto, como nem todas as alterações são facilmente percebidas, é preciso estar sempre atenta ao prazo de validade que aparece na embalagem na hora de comprar cosméticos. "Se vai jogar a caixa fora, uma boa dica é colocar uma etiqueta no próprio produto com essa informação em destaque", sugere ela.
O descarte correto
Quando o produto não é mais próprio para o uso, é preciso se desfazer dele, mas sem prejudicar o meio ambiente. Atualmente, são poucos os fabricantes que se responsabilizam pela coleta e descarte adequado de seus cosméticos. "Não temos ainda uma legislação específica que determine para onde devem ir estes resíduos", diz Célio Higuchi. Em casa, o correto é separar as peças antes de se livrar de um item do nécessaire. "A embalagem de papel e as partes plásticas e metálicas, devidamente limpas, devem ser colocadas no lixo reciclável", orienta Alessandro Azzoni, consultor de meio ambiente. Já a maquiagem em si vai para o lixo orgânico.
De acordo com Sonia Corazza, engenheira química especialista em cosmetologia, embora nem todos os ingredientes sejam biodegradáveis, eles tampouco são tóxicos. Isso quer dizer que a maioria dos itens de beleza pode ser descartada em lixo comum, sem risco de contaminação do solo. "Alguns produtos cerosos, como batom, sombra em bastão, corretivo e kajal, são feitos de cera sintética, derivada do petróleo que pode ser mais persistente e ficar no solo por mais tempo, mas ainda assim não são tóxicos", garante.
Esta regra, porém, não vale para o esmalte: este sim possui produtos tóxicos em sua composição, capazes de poluir o meio ambiente. A recomendação, neste caso, é deixar esses ativos evaporem por completo antes do descarte. "Despeje o resto de esmalte numa folha de sulfite e deixe numa área ventilada para secar. Após a evaporação dos componentes potencialmente tóxicos, só restará uma película plástica de tinta, que pode ser jogada no lixo orgânico", ensina Azzoni. O frasco de vidro, assim como a tampa plástica, devem ser limpos com removedor de esmaltes e colocados para secar virados com a abertura para baixo, sobre um papel, para escorrer qualquer resíduo químico. "Feito isto, eles podem ir para a reciclagem também".