A fome, que afeta pelo menos 1,3 milhão de pessoas no Zimbábue, obrigou muitos camponeses do sul do país a vender suas filhas para conseguir alimentos e a comer babuínos, informou nesta terça-feira a imprensa local.
A Rede de Alerta Rápido da Fome, ONG patrocinada pelos Estados Unidos, advertiu na semana passada que por volta de 1,3 milhão de zimbabuanos, dos 11 milhões de habitantes do país, necessitarão de ajuda humanitária antes de março para sobreviver.
A organização assinalou que as colheitas de subsistência no sul, no leste e no oeste do país foram perdidas devido à seca, intensificada no mês de outubro, quando termina a época de chuvas.
A imprensa do país informou hoje que, no distrito de Chiredzi, camponeses desesperados chegaram a vender suas filhas "por 10 sacos de milho".
Segundo o jornal digital independente Daily News, alguns empresários compraram meninas de 14 anos e pagaram seus pais em alimentos.
"Não temos outra opção além de vender nossas filhas porque desse modo podemos salvar o resto da família da fome", disse um camponês, Hlalati Baloyi, da localidade de Mhlanguleni.
Johnny Rodrigues, da Força de Intervenção para a Conservação da Natureza do Zimbábue (ZCTF, na sigla em inglês), relatou que a população de babuínos do distrito rural de Mwenezi está em "risco de extinção", pois os camponeses estão caçando os animais para comê-los, apesar de serem considerados tabu.
"Em circunstâncias normais, nem sequer sonhariam em comer os babuínos, mas os camponeses sentem que não têm outra opção, pois o Governo não escuta seus pedidos de ajuda", acrescentou Rodrigues.
A etnia shona, que habita essa região sul do Zimbábue, tem a crença que de que os babuínos têm alma e que seu espírito pode vingar-se de quem os mata.