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Vitória: Fernanda Montenegro brilha em novo filme aos 95 anos

A atriz comemora a oportunidade de permanecer na indústria cinematográfica após quase oito décadas dedicadas à atuação

Fernanda Montenegro estreia nos cinemas nesta quinta-feira (13) como personagem central do longa-metragem Vitória, aos 95 anos. A direção do filme fica a cargo de Andrucha Waddington, casado com Fernanda Torres, que já foi indicada ao Oscar. A atriz comemora a oportunidade de permanecer na indústria cinematográfica após quase oito décadas dedicadas à atuação. A produção tem como base o livro Dona Vitória da Paz, inspirado na história real de Joana da Paz, conhecida como Dona Nina, que adotou o nome fictício Vitória.  

o que fernanda disse?

A veterena falou na exibição inaugural do filme, realizada no Theatro Municipal de São Paulo, diante de uma plateia lotada que a aplaudiu de pé, incluindo convidados e figuras públicas como Bruna Marquezine:

Tenho uma vida de palco, praticamente 80 anos de palco. Muito especial essa noite, esse filme chamado Vitória em torno dessa temática que essa mulher viveu de uma forma tão corajosa e tão assinada e nada demagógica. O acaso nos reuniu aqui nesse palco, onde eu já estive algumas vezes. Posso dizer o quê? Deus tarda, mas não falha.

A narrativa acompanha uma senhora que mora sozinha no Rio de Janeiro e se vê angustiada diante do aumento da criminalidade em sua vizinhança. Ao se deparar com conflitos com os moradores ao redor, ela decide registrar em vídeo a movimentação de traficantes de drogas da janela de seu apartamento, com o intuito de colaborar com as autoridades. Após meses coletando imagens das atividades suspeitas, chama a atenção de um jornalista, que se aproxima dela e lhe oferece suporte em sua iniciativa.  

Fernanda destacou durante exibição  

Filme é direção, a gente pode até acontecer de uma maneira milagrosa, espantosa, mas é o diretor que opta pelo que vai, pelo que não vai, a temática que vai por um caminho ou por outro, algo que deva ser mais delicado, vem mais à tona, o que deveria, em princípio, estar violento, vai mais delicado. Eu agradeço aqui a você, Andrucha.

A produção foi inicialmente comandada por Breno Silveira [1964 - 2022], mas logo no início das filmagens, Andrucha Waddington assumiu a direção. Isso aconteceu porque Breno faleceu de maneira repentina, em maio de 2022, aos 58 anos, devido a um infarto fulminante. "Na noite em que ele faleceu, fui na casa dele, e a Paula, sua esposa na época, me pegou e pediu para fazer esse filme. É uma homenagem a ele e a Dona Joana, que também faleceu dois meses depois", relatou Andrucha.  

A artista, que recebeu uma indicação ao Oscar em 1999 por Central do Brasil, mencionou os desafios enfrentados durante as gravações do drama, que ocorreram ainda no período da pandemia de Covid-19:

 Uma hora muito complicada, ainda com muito vírus, nosso elenco teve vírus, eu tive vírus. Encontramos uma maneira de representar de uma forma não demagógica, uma coisa direta, limpa, uma interação de atuação sujeito, verbo, predicado, está entendendo?

"Sem nenhuma demonstração do que queremos demonstrar no filme, porque o tema também pedia isso, mas fizemos de uma forma muito religiosa o filme, de uma forma muito mística e sem nenhuma demagogia interpretativa", acrescentou.  

O elenco da produção inclui Alan Rocha, que interpreta o jornalista Flávio Godoy, personagem baseado no autor do livro, Fábio Gusmão, responsável por levar o caso real ao conhecimento do público. Também participam do filme Linn da Quebrada, Sacha Bali, Thelmo Fernandes, Laila Garin e Thawan Lucas.  

A veterana do cinema ressaltou ainda a relevância de finalizar um projeto cinematográfico mantendo a resistência que vem com a experiência. "Na idade que eu estou, posso até continuar fazendo minhas leituras em palcos como sempre, já estou fazendo há bastante tempo, mas cinema pede físico, pede fôlego. É um momento muito especial".