CARLOS ALBUQUERQUE
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
Foi como o desfile do exército de um homem só. Movendo-se lenta e desengonçadamente, de um lado ao outro do palco Mundo, no encerramento da segunda noite do Rock in Rio de 2022, munido apenas de um microfone, Post Malone exibiu uma força que nem ele parece acreditar ter para conquistar uma plateia que lotava o espaço. Mas não foi fácil. Havia um elemento contrário, a chuva.
Shows nessas condições pedem uma entrega ainda maior dos artistas. Eles têm que abaixar a guarda e se jogar no público, têm que inflamar quem está do outro lado, vulnerável. Para isso, é preciso improvisar e sair do roteiro.
E Malone não tem essa capacidade. Ele não tem uma banda ao seu lado. Suas músicas não são abertas. São criações pré-moldadas, que ele habita por dois, três minutos e depois passa para seguinte. Mesmo assim, aconteceu.
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Vestido com o usual despojamento, camisa, bermuda e tênis, Malone se entregou como pôde. Cantou as primeiras músicas do show -"Wrapped Around Your Fingers", "Better Now", "Saint-Tropez"- como se fossem as últimas. O público sentiu a intensidade e se deixou levar, cantando junto.
Após celebrar a vida, ainda que com um pezinho no discurso motivacional, em "Cooped", Malone recebeu Ozzy Osbourne no telão em "Take What You Want". Chamou um músico da platéia, Theo Kant, para tocar violão em "Stay".
Levou um tombo. Dançou como o boneco do posto. Bateu no peito. Bebeu. Se emocionou. E depois de "Rockstar" foi embora, dando a impressão de que ia sair andando pela parte de trás do palco, na chuva, fumando até chegar em algum lugar. Qualquer lugar.
ainda sem superar o tombo do gato 😂 @PostMalone #PostMaloneNoMultishow #RockinRioNoMultishow pic.twitter.com/s2FCntNmCg