O ator Paulo José morreu, aos 84 anos, nesta quarta-feira (11), no Rio de Janeiro. Ele estava internado havia 20 dias e faleceu em decorrência de uma pneumonia. Há mais de 20 anos, ele sofria de Mal de Parkinson.
Paulo José deixa esposa e quatro filhos: Ana, Bel e Clara Kutner, de seu relacionamento com a atriz Dina Sfat, além Paulo Henrique Caruso. No ano de 2020, três dos quatro irmãos de Paulo morreram de câncer. Ele era o segundo filho de uma família de cinco irmãos.
Trajetória
Em mais de 60 anos de carreira, Paulo José marcou a dramaturgia brasileira com trabalhos fundamentais para o teatro, o cinema e a TV. Teve personagens inesquecíveis, mas também dirigiu e participou da criação de diversas obras.
Mesmo depois de descobrir o Mal de Parkinson, doença que o acompanhou por mais de 20 anos, ele sempre se preocupou com a valorização do ofício de ator. Ele lutou pela regulamentação da profissão no final dos anos 70.
Paulo José mudou-se com a família para Porto Alegre e prestou vestibular para Medicina e, depois, Arquitetura, mas já começou a carreira no teatro amador.
Ele se mudou para São Paulo no início da década de 60, onde começou a trabalhar com o revolucionário Teatro de Arena - lá ele foi ator, contrarregra, assistente de direção, produtor, diretor musical, cenógrafo e figurinista.
Sua estreia atuando no palco foi em 1961, na peça "Testamento de um cangaceiro". Já no cinema, ele estreou em 1965, no filme "O padre e a moça", de Joaquim Pedro de Andrade.
Nos anos 60 ele atuou em diversos filmes importantes para o Cinema Novo, como "Macunaíma", de Joaquim Pedro de Andrade, e "Todas as mulheres do mundo", de Domingos Oliveira.
Paulo José estreou na TV Globo em 1969, começando uma série de trabalho marcantes por mais de quatro décadas.
A primeira novela foi ‘Véu de Noiva’, de Janete Clair, em 1969. Seu primeiro personagem marcante foi o mecânico-inventor Shazan, que formava uma dupla cômica com Xerife, de Flávio Migliaccio, em ‘O Primeiro Amor’ (1972), de Walther Negrão.
A dobradinha fez tanto sucesso que gerou o seriado ‘Shazan, Xerife e Cia.’, escrito, dirigido e interpretado por Paulo e Flávio, entre 1972 e 1974. Outros personagens inesquecíveis foram o comerciante cigano Jairom em ‘Explode Coração’ (1995), de Gloria Perez, e o alcóolatra Orestes de ‘Por Amor’ (1997), de Manoel Carlos.
Atuou em mais de 20 novelas e minisséries, entre elas, ‘Roda de Fogo’ (1986), de Lauro César Muniz; ‘Vida, Nova’ (1988), de Benedito Ruy Barbosa; ‘Tieta’ (1989), de Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares; ‘Araponga’ (1990), de Dias Gomes, Ferreira Gullar e Lauro César Muniz; ‘Vamp’ (1991), de Antonio Calmon; ‘O Mapa da Minha’ (1993), de Cassiano Gabus Mendes; ‘Agora é Que São Elas’ (2003), de Ricardo Linhares, escrita a partir de uma ideia original do próprio Paulo José; ‘Senhora do Destino’ (2004), de Aguinaldo Silva; ‘Um Só Coração’ (2004) e ‘JK’ (2006), minisséries de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira; ‘Caminho das Índias’ (2009), de Gloria Perez; e ‘Morde & Assopra’ (2011), de Walcyr Carrasco.
Como diretor, participou de alguns episódios de ‘Casos Especiais’ na década de 1980, e das minisséries ‘Agosto’ (1993), adaptação de Jorge Furtado e Giba Assis Brasil do romance de Rubem Fonseca; ‘Memorial de Maria Moura’ (1994), adaptação de Jorge Furtado e Carlos Gerbase da obra de Rachel de Queiroz; e ‘Incidente em Antares’ (1994), adaptação de Nelson Nadotti e Charles Peixoto do livro homônimo de Erico Veríssimo.
Ele também fez parte da equipe que implementou o programa ‘Você Decide’.
Mesmo com a carreira consolidada na TV, Paulo José nunca abandonou o teatro e o cinema.
Sua última e emocionante aparição na TV foi como o vovô Benjamin na novela ‘Em Família’ (2014), de Manoel Carlos. Ele era o pai de Virgílio (Humberto Martins). Como na vida real, seu personagem sofria de Mal de Parkinson.
Artistas, colegas e amigos lamentaram a morte nas redes sociais.
Veja a repercussão abaixo:
Kleber Mendonça Filho, diretor
Obrigado Paulo. E obrigado também Dina. Beijos pic.twitter.com/3NBuYpwFS3
— Kleber Mendonça Filho (@kmendoncafilho) August 11, 2021
Marcelo Médici, ator
Paulo José, ator grandioso, potente, generoso, dos meus preferidos. homem extremamente delicado. só podemos agradecer por tudo 🙏🏼 pic.twitter.com/Zs3oQLoaU5
— Marcelo Medici (@marcelomedici) August 11, 2021
Dadá Coelho, atriz
Obrigadadá, Paulo Jose.
— Dadá Coelho (@dadacoelho) August 11, 2021
Meu grande amor PJ nos deixou.
A morte é um instantâneo.
Uma hora se está, outra não se está mais. Que sorte a minha fazer a escola da terra com voce, meu amigo.
Obrigada por ter nascido, homem gentil. Deus te abençoe por tanta sabedoria e bondade 🙏💙 pic.twitter.com/kiqzydLg0U