O jornalista e apresentador Cid Moreira morreu, aos 97 anos, nesta quinta-feira (3). Ele estava internado no Hospital Santa Teresa, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro desde o dia 4 de setembro, quando deu entrada com insuficiência renal crônica. Antes, vinha tratando de uma pneumonia em casa. A causa da morte foi falência múltipla dos órgãos.
Durante participação no programa 'Encontro, o médico Nélio Gomes Júnior explicou que Moreira já fazia hemodiálise em casa por conta de uma insuficiência renal crônica, mas apresentou uma infecção e precisou ser levado o hospital. “Ele já vinha apresentando uma certa dificuldade para andar, já tinha um certo grau de atrofia muscular e de locomoção e a situação se complicou com trombose venosa nos membros inferiores”, afirmou.
Fátima Sampaio lamentou a morte do marido "Nós temos quase 25 anos juntos, é uma história e tanto. Tenho passado todos esses dias do ladinho dele. O único lugar que eu tinha para estar era onde estava o meu coração", afirmou.
Ela relembrou que Cid sempre teve bom humor, mas que, nos últimos tempos, o problema de saúde estava deixando o jornalista cansado. "Olhar ele lá quietinho, é difícil, estranho. Aquele sorriso lindo, particular dele. Ele tem um humor muito particular, um jeito muito maroto. E ele ficava olhando assim como aquela carinha e eu falava: 'Vamos voltar para casa rapaz, vamos voltar para casa'", completou.
BIOGRAFIA
Cid Moreira nasceu em Taubaté, no Vale do Paraíba, no dia 27 de setembro de 1927. Ele era casado com Fátima Sampaio e deixa dois filhos: Roger e Rodrigo.
O jornalista começou a carreira no rádio em 1944, após ser descoberto por um amigo que o incentivou a fazer um teste de locução na Rádio Difusora de Taubaté. Nos anos seguintes, entre 1944 e 1949, ele narrou comerciais até se mudar para São Paulo, onde trabalhou na Rádio Bandeirantes e na Propago Publicidade.
Em 1951, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi contratado pela Rádio Mayrink Veiga. Foi lá que, entre 1951 e 1956, começou a ter suas primeiras experiências na televisão, apresentando comerciais ao vivo em programas como “Além da Imaginação” e “Noite de Gala”, na TV Rio.
Sua estreia como locutor de noticiários aconteceu em 1963, no “Jornal de Vanguarda”, da TV Rio, o que marcou o início de sua carreira no jornalismo televisivo. Nos anos seguintes, trabalhou nesse mesmo programa em várias emissoras, como Tupi, Globo, Excelsior e Continental, consolidando sua presença na televisão.
ESTREIA NO JN
Em 1969, Cid Moreira voltou à Globo para substituir Luís Jatobá no “Jornal da Globo”. No mesmo ano, foi escalado para a equipe do recém-lançado “Jornal Nacional”, o 1º telejornal transmitido em rede no Brasil. A estreia ocorreu em setembro de 1969, e Cid dividiu a bancada com Hilton Gomes. Dois anos depois, iniciou uma parceria de longa data com Sérgio Chapelin.
Durante 26 anos, Cid foi o principal rosto do JN. Sua voz tornou-se sinônimo de credibilidade, e seu “boa-noite” diário marcou a televisão brasileira.
Em 1996, uma reformulação do programa trouxe novos apresentadores, William Bonner e Lillian Witte Fibe, com Cid Moreira dedicando-se à leitura de editoriais.
FANTÁSTICO
Desde a estreia do ''Fantástico'', em 1973, Cid também participou da atração dominical revezando com outros apresentadores. Em 1999, o jornalista narrou o famoso quadro de Mr. M, que se tornou um grande sucesso do programa. Sua voz icônica ficou tão ligada ao quadro que ele entrevistou o próprio Mr. M quando o ilusionista visitou o Brasil no ano seguinte.
A partir da década de 1990, Moreira começou a se dedicar à gravação de salmos bíblicos. Em 2011, realizou o objetivo de gravar a Bíblia na íntegra, projeto que se tornou um grande sucesso de vendas.
Em 2010, foi lançada a biografia “Boa Noite – Cid Moreira, a Grande Voz da Comunicação do Brasil”, escrita por sua esposa, Fátima Sampaio Moreira. Durante a Copa do Mundo daquele ano, ele gravou a famosa vinheta “Jabulaaani!” para a cobertura do “Fantástico” e programas esportivos da Globo, adicionando mais um capítulo à sua ilustre carreira.