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Morre André Midani, produtor de astros da MPB, aos 86 anos

A carreira de André Midani teve início em 1952, na gravadora Decca, na França, onde começou como apontador de estoque e se destacou numa função ainda incipiente na indústria, a de descobridor de projetos fonográficos.

Um dos maiores nomes da indústria fonográfica brasileira, André Midani morreu na noite de quinta-feira, aos 86 anos, na Casa de Saúde São Vicente, na Gávea. O produtor foi diagnosticado com câncer há quatro meses. As informações  são do Extra. 

Natural de Damasco, na Síria, mas criado na França desde os 3 anos, Midani chgeou ao Brasil em 1955, quando começou a trabalhar na Odeon Records. Contratado para lançar o selo Capitol Records no Brasil, aos poucos foi entrando em contato com artistas brasileiros e foi responsável pelo lançamento de discos fundamentais de diferentes movimentos, da bossa nova ao rock Brasil nos anos 1980.

Uma das diretoras da série sobre a vida do executivo, “André Midani — Do vinil ao download” (2015), Mini Kerti lamentou a perda do produtor.

— André era um grande amigo, um mestre — disse Kerti.

Marcos Ramos / Agência O Globo

O produtor musical Liminha usou o Instagram para prestar uma homenagem a Midani, a quem chamou de "Mestre dos mestres".

A carreira de André Midani teve início em 1952, na gravadora Decca, na França, onde começou como apontador de estoque e se destacou numa função ainda incipiente na indústria, a de descobridor de projetos fonográficos. No Brasil, em busca de um estilo musical fosse identificado com a juventude local, entrou em contato com Carlos Lyra, Roberto Menescal, Nara Leão, Ronaldo Bôscoli, entre outras futuras estrelas da bossa nova. Depois conheceu João Gilberto e Tom Jobim, que, na época, fazia arranjos para a Rádio Nacional.

Após desligar-se da Odeon, na década de 1960, foi convidado para instalar a Capitol no México e em Los Angeles. Em 1968, voltou ao Brasil para assumir a a presidência da Philips (hoje Universal Music), na época deficitária e com um prazo de três anos para recuperá-la. Foi de Midani a decisão de reduzir o elenco da gravadora em mais de cem artistas, centrando em cerca de 50 nomes do estilo que viria a ser popularizado como MPB, a exemplo de Elis Regina, Caetano Veloso, Gal Costa e Gilberto Gil. Depois, ele contratou artistas como Tim Maia, Chico Buarque, Jorge Benjor, Luiz Melodia, Jards Macalé e Raul Seixas, entre outros.

Nos anos 1980, a revolução do pop-rock

Ao ser convidado para montar a Warner no Brasil, levou para a gravadora alguns dos astros com quem trabalhara, como Elis, Tom Jobim e Gil, além de Belchior, Paulinho da Viola, Ney Matogrosso, entre outros.

Nos anos 1980, fez da Warner uma frente do pop-rock brasileiro, lançando bandas como Kid Abelha, Titãs, Ultraje a Rigor, Ira!, além de Lulu Santos.

Após assumir, na década de 1990, os postos de presidente da Warner para a América Latina e da Warner Internacional, voltou definitivamente ao Brasil em 2002. Aposentou-se em 2016, e seu último trabalho foi o disco "De bem com a vida", de Martinho da Vila .