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Aline Campos revela pela 1ª vez que foi vítima de estupro duas vezes

“O que posso falar hoje é que, sim, fui abusada sexualmente, fui estuprada. E fui curada em processo terapêutico”, disse

Aline Campos vive uma nova fase na carreira. Ela, que se tornou conhecida nacionalmente depois de integrar o balé do "Domingão", tem alçado novos voos na interpretação. Em 2022, ela integrará o elenco de três filmes ("Férias trocadas", "O abismo de cada um" e "O porteiro"). O período prolífico vem nove meses depois de a carioca ter substituído o nome artístico, Riscado, pelo sobrenome de batismo. Ela também deixou de alisar o cabelo e diz estar mais conectada consigo mesma. As informações são da Patricia Kogut.

Aline Campos revela pela 1ª vez que foi vítima de estupro duas vezes - Foto: Reprodução/Instagram

Essas mudanças não aconteceram do nada. Eu medito há mais de seis anos, faço terapia...  Isso tudo fez com que eu entrasse de forma mais consciente no meu processo de autoconhecimento. Busquei entender quem eu sou, o que estou fazendo aqui, como eu posso ser melhor para mim, para as pessoas ao meu redor, para o planeta, como posso usar dos meus privilégios para ajudar o próximo... Foi nesse contexto que entendi que o nome que eu carregava não me favorecia. Ele não me representava mais. Foram 11 anos sendo reconhecida como Aline Riscado e nem todo mundo entende a alteração. Mas os momentos em que mais cresci e me destaquei foram aqueles em que tive coragem de seguir meu coração — diz, aos 34 anos. 

— Parei de comer carne, fiquei um tempo sem ingerir bebida alcoólica. Compreendi, por exemplo, que eu não precisava do álcool para me divertir. 

A decisão de mudar a aparência e a forma como se apresenta fez com que Aline perdesse contratos. Algumas das empresas que a procuravam esperavam outro tipo de comportamento e outra imagem. 

Aline Campos revela pela 1ª vez que foi vítima de estupro duas vezes - Foto: Reprodução/Instagram

 Decidi entregar e acreditar. Tenho feito trabalhos e aderido a oportunidades que têm mais a ver com a Aline que sempre fui. Sem dúvida, essa transição está acontecendo não só comigo, mas também com as marcas e com os seguidores que me acompanham. Não considero que "perdi", digo que apenas deixei ir essas propostas que não faziam mais sentido para a minha vida. E assim fiz não só com trabalhos. Também aconteceu com amizades, relacionamentos... Se perco uma coisa aqui, ganho outras ali — frisa. 

Recentemente, Aline rodou, na Colômbia, "Férias trocadas". O filme de Bruno Barreto tem no elenco Edmilson Filho, Carol Castro, Klara Castanho, Matheus Costa e Gustavo Mendes. Trata-se de uma comédia romântica em que duas famílias, uma rica e uma de classe média, trocam de lugar. Ela explica:

— Minha personagem é Suelen, esposa do Zé (Edmilson Filho). Nós do elenco ficamos mais de uma semana em um hotel, numa convivência muito legal. E, em cena, a minha personagem é uma mulher potente, que faz tudo pela família. Ela é mãe da personagem da Klara, que apesar da idade é uma atriz superexperiente. Fui me apaixonando cada vez mais por esse trabalho. 

Aline Campos revela pela 1ª vez que foi vítima de estupro duas vezes - Foto: Reprodução/Instagram

O laço maternal que criaram na viagem a trabalho justifica um depoimento de Aline nos comentários da carta aberta em que Klara Castanho revelou ter sido vítima de estupro. No Instagram, a bailarina contou que também sofreu a violência. Em entrevista ao site, ela detalha e relata, pela primeira vez, que foi vítima do crime em duas ocasiões:

 Isso foi algo que graças a Deus eu curei na terapia. Por isso, indico psicólogo e meditação a todas as pessoas que posso. Durante alguns anos, passei por esse processo de curar, de reconhecer. O que acontece? Muitas meninas e mulheres se cegam para a violência que viveram e se sentem culpadas. A mulher pensa que provocou, a sociedade machista nos faz sentir assim. Hoje em dia, agradeço por eu ter conseguido superar e me fortalecer. Quando relatei na internet, disse que estava abrindo meu coração na intenção de ajudar. Todas as coisas ruins têm dois caminhos: o que destrói e o que potencializa. Essas violências aconteceram comigo em duas situações. Eu tinha pouco menos de 18 anos. Foi numa época em que eu queria trabalhar, ter as minhas próprias coisas, saía, bebia... E em muitas ocasiões o homem usa da bebida para tirar a culpa e passar para a mulher, que está vulnerável. Por isso é tão importante a gente falar do que não se deve fazer. Muitos homens usam da bebida para aliciar. A bebida faz com que, se a mulher disser "não" e a pessoa forçar; ou então se a mulher dormir, ou então ser drogada por alguém, como aconteceu comigo, ela acorda do pesadelo e acha que a culpa é dela. Essa falta de consciência traz dúvidas por algum tempo. Foram duas situações bem chatas que eu ressignifiquei. O que posso falar hoje é que, sim, fui abusada sexualmente, fui estuprada. E fui curada em processo terapêutico. Isso me fortaleceu. Estou aqui para dar o meu depoimento, se meninas ou mulheres quiserem conversar sobre como passei por isso.

Mãe de um menino de 11 anos, a atriz opina ainda sobre a importância de a educação contra qualquer tipo de abuso vir de casa: 

— É importante conscientizar os homens, é fundamental as famílias abordarem o assunto. Torço para que pais e mães parem de ser machistas e de ensinar que os filhos têm que sexualizar a mulher.