Foi em uma viagem a Lisboa (Portugal) que Marcos São Mateus Mônaco fotografou um nome que mudaria sua vida e a memória literária brasileira para sempre. O que inicialmente parecia apenas uma informação trivial estampada em um azulejo de uma casa antiga, acabou por ser a inspiração para contar a história nunca antes conhecida do poeta e jornalista polivalente Soares de Souza Júnior, esquecido pelos biógrafos de nosso país.
“Aqui viveu e desempenhou a sua missão Antônio José Soares”, dizia a placa. Curioso, Marcos Mônaco seguiu sua intuição e buscou sobre aquele nome meses depois, quando revia seus registros, e acabou por descobrir uma interessante coincidência: Souza Júnior veio ao mundo no dia 7 de abril de 1851, exatamente 120 anos antes de quem seria o autor de sua primeira biografia, nascido no dia 7 de abril de 1971. Destino? Sendo este ou não, foi um dos motes para Marcos notar que um intelectual tão respeitado no Brasil do século XIX não poderia ter sua história colocada à margem ou simplesmente dentro de uma memória “subterrânea” diante de toda sua magnificência.
“Coração de poeta, em prosa e verso” é a primeira biografia sobre Soares de Souza Júnior, natural de Paraíba do Sul (RJ), autor da letra do hino oficial do estado do Rio de Janeiro, patrono da cadeira 42 da Academia Fluminense de Letras e um dos escritores brasileiros mais aplaudidos de seu tempo. Marcos, autor da obra, enfatiza a atuação de Soares como abolicionista, republicano e defensor dos direitos humanos, além de sua versatilidade na literatura, na qual foi um ilustre poeta, romancista, dramaturgo, jornalista e tradutor.
Não bastasse seu talento literário e vasta produção de reportagens, crônicas, contos, poesias, romances-folhetins, traduções, dramas e comédias teatrais, Soares de Souza Júnior também foi engenheiro e funcionário público. E é dentro de uma viagem enriquecedora rumo à história desse intelectual multifacetado que Marcos Mônaco mergulha na essência da literatura brasileira, em um processo tão complexo, quanto prazeroso. O autor, assim como estudiosos singulares das Letras, Artes, História e Museologia, mostra seu lado de nato e estimado pesquisador em sua busca investigativa, que envolveu até mesmo imersão em obras de Soares não encontradas em livrarias e bibliotecas.
“Coração de poeta, em prosa e verso” foi produzido a partir de um extenso levantamento documental com o uso da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, da Academia Fluminense de Letras, da Secretaria de Cultura, da Câmara de Vereadores, do Instituto Histórico e Geográfico de Paraíba do Sul (RJ) e de arquivos públicos e históricos brasileiros, principalmente jornais da segunda metade do século XIX, como A Gazeta de Notícias, A vida moderna, Novidades e o Jornal do Commercio. Foi com tais consultas, de valor inestimável, que Marcos conseguiu contar a história de vida de Soares, com documentos e depoimentos valiosos, além de contribuir com o processo de formação e desenvolvimento da sociedade brasileira, em um contexto de muitas perdas das memórias históricas em nosso país.