(1) Cena da obra Aparições, de Ana Catarina Vieira, com os bailarinos Alan Marques e Marina Peña │ Foto: Fernanda Kirmayr
A música de César Guerra-Peixe (1914-1993), a poesia e as pinturas de Candido Portinari (1903-1962) e as danças tradicionais nordestinas marcam o encerramento da Temporada 2020 da São Paulo Companhia de Dança (SPCD) – corpo artístico da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, gerida pela Associação Pró-Dança e dirigida por Inês Bogéa.
Assinada pela coreógrafa Ana Catarina Vieira, Aparições será apresentada em uma transmissão gratuita no dia 24 de setembro (quinta-feira), às 20h, realizada ao vivo diretamente do Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, e poderá ser conferida em todo o Brasil, com exibição única em tempo real nas redes sociais da Companhia e na plataforma #CulturaEmCasa.
Aparições se inspira na essência da cultura popular do Nordeste, manifestada em diferentes vertentes – música, artes plásticas e dança –, para evocar imagens de um Brasil resistente em suas tradições de maneira poética e com muita liberdade criativa. Em sua estreia na Temporada 2020 da SPCD, a coreografia reúne em seu elenco bailarinos que já convivem entre si para além da sala de ensaio e que, por este motivo, podem dançar juntos.
Além dessa obra, primeira criação de Ana Catarina para a São Paulo Companhia de Dança, a transmissão também terá trechos de grandes clássicos que foram revisitadas e refletem sobre o balé e suas reverberações ainda hoje. São eles Esmeralda, criado por Duda Braz sob inspiração da obra de Marius Petipa (1818-1910) a partir do original de Jules Perrot (1810-1892); e Grand Pas de Quatre, em versão criada pelo bailarino Diego de Paula, que pôde experimentar o ofício de coreógrafo a partir do programa de Desenvolvimento de Habilidades Futuras do Artista da Dança, mantido pela SPCD para dar subsídios aos seus bailarinos para uma reconversão profissional.
(2) Cena da obra Grand Pas de Quatre, versão de Diego de Paula, com as bailarinas (da frente para fundo) Ana Roberta Teixeira, Marina Peña, Luiza Yuk e Thamiris Prata │ Foto: André Porto
A Temporada 2020 da SPCD também contempla obras já presentes no repertório da Companhia, como o pas de deux de La Sylphide, obra original de Mario Galizzi. Na coreografia que é um marco do romantismo, o protagonista não pode tocar sua amada, sintonizando a obra com o distanciamento social exigido no momento.
As mudanças provocadas pelo enfrentamento ao Covid-19 se refletem na Temporada da São Paulo Companhia de Dança como um todo. Obras que estavam originalmente previstas deram lugar a outras adaptadas à atual necessidade de distanciamento social, levando em consideração as medidas sanitárias vigentes e o convívio pessoal entre os bailarinos. O que prevaleceu foi a criatividade latente tanto dos artistas da casa quanto dos convidados, expostos ao desafio de explorar novos modos de se fazer dança, fazendo jus ao nome da Temporada 2020, batizada ainda no final do ano passado como “Permanência e Inovação”.
“A Temporada 2020 da São Paulo Companhia de Dança se adapta às questões sociais e sanitárias provocadas pela Covid-19. O repertório contempla obras criadas especialmente para este momento, respeitando o distanciamento e o convívio pessoal dos bailarinos, o que permite um certo grau de contato físico. Os três trabalhos de grupo – como Aparições, de Ana Catarina Vieira – foi adaptada seguindo essas recomendações. E a participação dos bailarinos na escolha do repertório foi fundamental para que cada um se sentisse à vontade para este retorno aos palcos, que será transmitido de forma gratuita no meio digital, uma experiência única que promete levar a experiência das temporadas anuais da SPCD a um público ainda mais amplo”, ressalta a diretora artística e executiva da São Paulo Companhia de Dança, Inês Bogéa.
“É importante destacar que a reabertura do Teatro Sérgio Cardoso, que completa 40 anos em outubro, e a estreia da Temporada 2020 da São Paulo Companhia de Dança se adaptam às questões sanitárias provocadas pela pandemia. E a transmissão no formato digital amplifica a difusão cultural, rompendo as barreiras geográficas e disponibilizando conteúdos que podem ser acessíveis onde o cidadão estiver”, afirma Danielle Barreto Nigromonte, diretora executiva da Amigos da Arte, responsável pela gestão do Teatro Sérgio Cardoso e da plataforma #CulturaEmCasa.
“Com a exibição online dos espetáculos da temporada 2020 da São Paulo Companhia de Dança, conseguiremos ampliar o acesso do público a um trabalho que se pauta pela excelência e assim cumprir nossa missão no contexto da pandemia”, afirma Sérgio Sá Leitão, secretário de Cultura e Economia Criativa de São Paulo.
As exibições acontecem no canal da Companhia no YouTube (São Paulo Companhia de Dança) e no Facebook (@spciadedanca) e também na plataforma #CulturaEmCasa (www.culturaemcasa.com.br), criada pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e gerida pela Amigos da Arte, que já soma mais de 1,5 milhão de acessos desde o seu lançamento, em abril. Pelo Instagram (@saopaulociadedanca) e o Twitter (@spciadedanca), o público vai poder conferir ainda os bastidores do evento ao vivo.
A transmissão da Temporada 2020 da São Paulo Companhia de Dança amplia as ações do selo #SPCDdigital e se soma à ação #CulturaEmCasa, criada pelo Governo do Estado de São Paulo em enfrentamento à disseminação do novo coronavírus (COVID-19), para oferecer diferentes conteúdos ligados à difusão da dança no meio virtual, estimulando a permanência das pessoas em seus lares em um diálogo constante com a arte.
Serviço:
São Paulo Companhia de Dança | Temporada 2020
Data: 24 de setembro (quinta-feira)
Horário: 20h
Local: Transmissão ao vivo nos perfis da Companhia no YouTube (São Paulo Companhia de Dança) e no Facebook (@spciadedanca) e também na plataforma #CulturaEmCasa (www.culturaemcasa.com.br).
Preço: gratuito
Observação: a apresentação é única e não ficará gravada
Programa
Grand Pas de Quatre, de Diego de Paula | Pas de Deux de La Sylphide, de Mario Galizzi | Esmeralda, de Duda Braz | Aparições, de Ana Catarina Vieira
Dia 24 de setembro | quinta-feira | às 20h
Ficha técnica das obras:
Grand Pas de Quatre (2020 - estreia)
Coreografia: Diego de Paula, inspirado livremente na obra de 1854 de Jules Perrot (1810-1892)
Música: Cesare Pugni (1802-1870)
Iluminação: Wagner Freire
Figurino: Acervo SPCD
Elenco: Ana Roberta Teixeira (Fanny Cerrito), Luiza Yuk (Lucile Grahn), Marina Peña (Carlotta Grisi), Thamiris Prata (Marie Taglioni)
O Grand Pas de Quatre foi criado originalmente no século XIX para reunir, em um mesmo palco, as quatro principais bailarinas do período romântico, enaltecendo suas características artísticas individuais, apresentadas ora em variações, ora em conjunto. A versão criada por Diego de Paula – bailarino da SPCD que integra o Programa de Desenvolvimento das Habilidades Futuras do Artista da Dança como coreógrafo – posiciona as bailarinas em focos separados de luz e desenha formações pelo palco que lembram camafeus, destacando a delicadeza da obra.
Esmeralda (2020 - estreia)
Coreografia: Duda Braz, inspirada na obra de Marius Petipa (1818-1910) a partir do original de Jules Perrot (1810-1892)
Música: Cesare Pugni (1802-1870)
Iluminação: Wagner Freire
Figurino: Marilda Fontes
Elenco: Artemis Bastos, Poliana Souza, Diego de Paula
Esmeralda é um balé inspirado no livro Notre-Dame de Paris (também conhecido como O Corcunda de Notre Dame), escrito em 1831 por Victor Hugo (1802-1885). A obra foi apresentada pela primeira vez em 1844 por Jules Perrot (1810-1892) e, em 1886, Marius Petipa (1818-1910) a revisitou e incluiu novos elementos. Esmeralda conta a história de uma cigana que se apaixona por Phoebus, um oficial da guarda francesa, na Paris do século XV. Entre as dificuldades do casal apaixonado em viver esse amor, estão a noiva do oficial, uma jovem da alta sociedade, e a obsessão pela cigana do homem mais poderoso da Paris. A criação da SPCD contempla um grand pas de deux da obra original, onde Esmeralda e Phoebus comemoram a liberdade e possibilidade de viver o amor, e variações assinadas por Petipa com movimentos cheios de energia e vivacidade.
Pas de Deux de La Sylphide (2014)
Coreografia: Mario Galizzi, a partir do original de 1836 de August Bournonville (1805-1879)
Música: La Sylphide, de Herman Severin Lovenskiold (1815-1870)
Iluminação: José Luis Fiorruccio
Figurino: Beth Filipecki (James), Marilda Fontes (Sylphide)
Elenco: Carolina Pegureli, Yoshi Suzuki
La Sylphide, um conto de fadas para todas as idades, é um marco do balé romântico no qual a dupla aparição feminina – sensual e etérea – simboliza a dualidade do corpo e do espírito. A obra é dividida em dois atos: no primeiro vemos a cena dos preparativos para a festa de casamento de James e Effie, e os encontros e desencontros do amor; no segundo encontramos um mundo imaginário permeado de personagens fantásticos como sílfides - seres alados da floresta - e bruxas. Seguindo os protocolos de distanciamento social, será apresentado apenas um pas de deux da obra.
Coreografia: Ana Catarina Vieira
Música: Suíte Sinfônica nº 2 Pernambucana (1955) e Ponteado (1955), de César-Guerra Peixe (1914-1993), gravada pela Orquestra Jovem do Estado sob a regência de Cláudio Cruz
Iluminação: Wagner Freire
Figurino e adereços: Marco Lima
Cenografia: Marco Lima, com imagens de quatro desenhos de Candido Portinari (1903-1962): Pipas (1942); Ilha de Paquetá, Circo e Desfile de Carnaval (1941), usados nas ilustrações do livro Maria Rosa (1942) de Vera Kelsey (Os direitos de reprodução das obras foram gentilmente cedidos por João Candido Portinari)
Assistente de cenografia e figurino: Cesar Bento
Dramaturgia: Vivien Buckup
Execução de figurinos: Judith Lima (macacões), FCR Produções Artísticas (demais figurinos e adereços)
Elenco: Ana Silva, Beatriz Paulino, Cecília Valadares, Marina Peña, Poliana Souza, Alan Marques, Bruno Veloso, Diego de Paula, João Gabriel Inocêncio, Leonardo Pedro
Primeira criação da coreógrafa contemporânea Ana Catarina Vieira para a São Paulo Companhia de Dança, Aparições é inspirada nas obras de Candido Portinari, César Guerra-Peixe e nas danças populares do nordeste do Brasil. Os figurinos e os elementos cênicos de Marco Lima ampliam o gesto no espaço. E a luz de Wagner Freire dialoga com os diversos elementos a contribui para a dramaturgia da obra. Aparições – nome que remete ao poema homônimo de Portinari –, traz imagens do Brasil de maneira poética e com muita liberdade criativa. Seguindo os protocolos de distanciamento social, o elenco de Aparições é formado por bailarinos que já convivem pessoalmente em seu cotidiano.
*A produção da obra Aparições tem o apoio da Lei de Incentivo à Cultura, patrocínio Itaú e Rede, Tegma Gestão Logística e CDF, e realização Associação Pró-Dança/São Paulo Companhia de Dança, Governo do Estado de São Paulo – por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa – e Secretaria Especial da Cultura (Ministério do Turismo, Governo Federal)
SÃO PAULO COMPANHIA DE DANÇA
Direção Artística e Executiva | Inês Bogéa
Criada em janeiro de 2008, a São Paulo Companhia de Dança (SPCD) é um corpo artístico da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, gerida pela Associação Pró-Dança e dirigida por Inês Bogéa, doutora em Artes, bailarina, documentarista e escritora. A São Paulo é uma Companhia de repertório, ou seja, realiza montagens de excelência artística, que incluem trabalhos dos séculos XIX, XX e XXI de grandes peças clássicas e modernas a obras contemporâneas, especialmente criadas por coreógrafos nacionais e internacionais. A difusão da dança, produção e circulação de espetáculos é o núcleo principal de seu trabalho. A SPCD apresenta espetáculos de dança no Estado de São Paulo, no Brasil e no exterior e é hoje considerada uma das mais importantes companhias de dança da América Latina pela crítica especializada. Desde sua criação, já foi assistida por um público superior a 762 mil pessoas em 17 diferentes países, passando por mais de 144 cidades em cerca de 995 apresentações e acumulando 37 prêmios nacionais e internacionais. Além da Difusão e Circulação de Espetáculos, a SPCD tem mais duas vertentes de ação: os Programas Educativos e de Sensibilização de Plateia e Registro e Memória da Dança.
INÊS BOGÉA - Direção Artística e Executiva | Inês Bogéa é doutora em Artes (Unicamp, 2007), bailarina, documentarista, escritora, professora no curso de especialização Arte na Educação: Teoria e Prática da Universidade de São Paulo (USP) e autora do “Por Dentro da Dança” com a São Paulo Companhia de Dança na Rádio CBN. De 1989 a 2001, foi bailarina do Grupo Corpo (Belo Horizonte). Foi crítica de dança da Folha de S. Paulo de 2001 a 2007. É autora de diversos livros infantis e organizadora de vários livros. Na área de arte-educação foi consultora da Escola de Teatro e Dança Fafi (2003-2004) e consultora do Programa Fábricas de Cultura da Secretaria de Cultura do Estado (2007-2008). É autora de mais de quarenta documentários sobre dança.