Um casal de homens conseguiu nesta quarta-feira contrair matrimônio em Buenos Aires, no primeiro casamento homossexual na capital argentina, pioneira na América Latina no reconhecimento dos direitos de casais do mesmo sexo.
Depois de superar um inesperado obstáculo, uma greve no Registro Civil, Damián Bernath e Jorge Salazar conseguiram se casar depois que a juíza Elena Liberatori autorizasse a união na semana passada.
"Já estão casados", afirmou María Rachid, titular da Federação Argentina de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais.
"O direito já está adquirido na Argentina e no mundo. Estamos muito felizes. Isto já é uma realidade em nosso país", disse Rachid em declarações à televisão local.
Rachid reiterou a necessidade de que o Parlamento argentino aprove uma lei que libere o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo "para que não seja necessário recorrer à Justiça sempre que um casal gay quiser se casar", argumentou.
O Arcebispado da capital argentina e advogados católicos tinham pedido ao governo da cidade para que apelasse da decisão da juíza Liberatori, mas as autoridades não aceitaram essa solicitação, assim como fizeram em novembro quando a juíza Gabriela Seijas deu sinal verde para o casamento entre Alex Freyre e José María Di Bello.
No entanto, este casamento não ocorreu no dia em que estava previsto porque Marta Gómez Alsina, uma juíza civil com competência nacional, anulou a decisão de sua colega de Buenos Aires.
Em 28 de dezembro, Freyre e Di Bello conseguiram se casar em Ushuaia, capital da Província da Terra do Fogo, graças a um decreto do Executivo, no que foi o primeiro casamento gay da América Latina
Mais de 60 casais gays apresentaram recursos judiciais para poder se casar na Argentina, onde atualmente quatro cidades permitem a união civil entre pessoas do mesmo sexo.
A Lei de União Civil da cidade de Buenos Aires, aprovada no final de 2002, foi o primeiro antecedente no país e o primeiro reconhecimento de casais homossexuais na América Latina.