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Bispo nega Holocausto judeu e é multado em 23,8 mil

Religioso disse que não acreditava na morte de 6 milhões na Alemanha Nazista

Um tribunal alemão condenou nesta sexta-feira (16) o bispo católico Richard Williamson a pagar uma multa de R$ 23,8 mil (10 mil euros) por negar o Holocausto nazista.

O tribunal de Ratisbona, sul da Alemanha, condenou Williamson por incitação ao ódio racial por causa das declarações que ele fez a um canal de TV sueco em janeiro de 2009.

O religioso afirmou nessa entrevista que de 200 mil a 300 mil judeus morreram nos campos de concentração, mas nenhum nas câmaras de gás, negando o massacre de 6 milhões deles pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)

- Acredito que as câmaras de gás não existiram. Acho que de 200 mil a 300 mil judeus morreram nos campos de concentração nazistas, mas não dessa forma. Não acredito que 6 milhões de judeus tenham sido mortos com gás

A audiência ante o tribunal aconteceu sem a presença do acusado. Segundo seu advogado, Matthias Lossmann, a comunidade religiosa do bispo o proibiu de testemunhar na audiência.

Bispo já havia se recusado a pagar multa

Condenado inicialmente a pagar uma multa de R$28,6 mil (12 mil euros ), o bispo se recusou a pagar e então foi processado. Seu advogado afirmou que suas afirmações deveriam ter sido ouvidas apenas na Suécia.

A juíza Karin Frahm considerou que o bispo era culpado porque se manifestou em solo alemão e porque "podia prever que suas afirmações causariam um escândalo". Disse ainda que seriam amplamente divulgadas pela imprensa.

O advogado reconheceu que as declarações do bispo eram "inadmissíveis". Mas argumentou que o bispo não poderia ser considerado responsável pelo fato de suas afirmações, feitas a uma rede de televisão sueca, terem sido divulgadas na Alemanha.

Williamson fez um pronunciamento por meio do seu advogado no tribunal.

- Dadas as circunstâncias, se eu não estivesse convencido de que a entrevista seria divulgada apenas pela televisão sueca, jamais teria aceito essa difusão.

As declarações de Williamson geraram polêmica em todo o mundo. Principalmente por terem sido divulgadas pouco depois de o papa Bento16, de nacionalidade alemã, suspender a excomunhão de quatro bispos da tradicionalista Fraternidade São Pio 10, entre eles a de Williamson.

A chanceler Angela Merkel também pediu publicamente que o papa condenasse o bispo.

Bento 16 expressou ?sua plena e indiscutível solidariedade? com os judeus e condenou a negação do Holocausto, sem, entretanto, voltar atrás sobre a reintegração do bispo.

O Vaticano pediu a Williamson que deixe claro, sem equívoco e publicamente, que não acredita nas suas declarações sobre o Holocausto antes de ser admitido em suas funções episcopais.

Por contas das declarações, Williamson foi obrigado, em fevereiro de 2009, a deixar a Argentina, onde morava desde 2003. O bispo vive atualmente em Londres.