Um mês e meio para apurar a história e pouco mais de dois meses para escrever. Foi esse o tempo para o jornalista Guilherme Fiuza concluir a biografia "Giane - Vida, Arte e Luta", que chega às lojas nesta segunda-feira (3). "Foi um prazo insano", disse o jornalista, autor do best-seller "Meu Nome Não é Johnny". "No final eu estava dormindo três horas por noite", contou.
O livro destaca a luta de Reynaldo Gianecchini contra um câncer e conta a trajetória do ator, da infância tranquila e casta em Birigui, no interior de São Paulo, ao meteórico sucesso como galã nas novelas da TV Globo. "É o personagem mais forte e com a vida mais incrível sobre o qual já escrevi. Acredito que o público vá conhecê-lo de verdade agora", afirmou Fiuza.
O tema em foco é a doença e a vitória sobre ela, por isso a urgência no lançamento da "empreitada biográfica com prazo jornalístico", explica o autor. "Achamos que o livro deveria sair este ano pela cura de Giane [como o ator é chamado por amigos] e por ser o momento de sua volta a TV" --atualmente, Gianecchini vive o motorista e caipira apaixonado Nando, no remake de "Guerra dos Sexos" na Globo. "É o ponto que fecha o ciclo da história que eu queria contar, porque felizmente a vida continua e daqui para frente é outra fase e outra história".
Fiuza não poupou elogios ao ator, a quem descreve no livro como "uma pessoa rara, passageiro de uma trajetória surpreendente". Segundo ele, Gianecchini tem aspectos que quase ninguém conhecia. "Acho que o leitor vai se surpreender com vários traços pessoais dele, é um cara profundamente engraçado, tem um humor sacana e inteligente sobre si mesmo. É bem divertido quando ele fica zangado com a própria doçura, inconformado de não saber dizer não às pessoas", contou.
Ao mesmo tempo, é interessante como Gianecchini parece predestinado, disse Fiuza. "Em várias ocasiões que ele não soube dizer "não", o "sim" era o caminho certo". Um caso exemplar citado no livro é o da novela "Esperança", que o ator não queria fazer, papel que depois se tornou importante artisticamente na carreira dele.
Fiuza contou que ficou impressionado com a capacidade do ator, de reflexão sobre si e sobre a vida, algo que não surgiu com a batalha da doença. "Ele tem isso desde menino, uma consciência muito forte e uma sensibilidade fora do comum", ressaltou o jornalista. "Aos sete anos de idade já sabia que ia rodar o mundo e logo avisou os pais, isso numa cidade e numa família onde ninguém tinha uma trajetória desse tipo".
Guiados pelo bom senso
Por outro lado, não há concessões no livro, garantiu o jornalista. A proposta foi falar de tudo, o norte e o limite seriam o bom senso. Gianecchini topou a premissa no ato, e só por isso teve o direito de ler o texto antes da publicação, e mesmo assim, segundo o autor, ele não pediu para mudar uma vírgula. "Antes de iniciarmos o projeto, eu disse ao Giane que ele é um exemplo, mas que não me interessava contar a história de um exemplo. Queria contar a história de um indivíduo, especialíssimo sem dúvida, mas com os conflitos e os pontos desconfortáveis de todo ser humano".
Coube tudo. Até os rumores sobre a homossexualidade, que ele nega no livro, sem entrar muito em detalhes. A boataria teria começado, segundo o global, durante um romance com uma mulher casada, que para ocultar a suposta "pulada de cerca" disse ao marido que ele era gay. O livro cita ainda outras fofocas, como o caso que teria tido com o filho caçula da jornalista Marília Gabriela, com quem ele teve oficialmente um romance de oito anos.
"Uma versão recuaria até os tempos de modelo de Giane em Paris, sustentando que, para entrar no tal triângulo familiar, ele abandonara um amante francês", escreveu Fiuza. O episódio mais recente é um imbróglio envolvendo o empresário Daniel Mattos. O ex-administrador do escritório de Gianecchini afirma que teve um "affair" com o ator, e que teria ganhado dele um apartamento. O imbróglio, também abordado na biografia, tornou-se um processo que corre em segredo de justiça.