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Rede Meio: o jornalismo popular que nasceu nas ruas e virou referência no Brasil

A emissora esteve presente em grandes momentos do Piauí e do Brasil, cobrindo fatos que marcaram gerações

A Rede Meio completa seus 40 anos em 2025 com a mesma missão desde que foi criada, em 1985, ainda como TV Timon: fazer jornalismo popular, ouvindo o povo, dando voz às massas e levando informação de forma direta, acessível e verdadeira.


Ao longo das décadas, a emissora esteve presente em grandes momentos do Piauí e do Brasil, cobrindo fatos que marcaram gerações. Na década de 1990, se destacou ao dar espaço para que a população falasse ao vivo, diretamente da Praça Rio Branco, no Centro de Teresina. A praça virou uma extensão do estúdio. E o povo, protagonista das pautas.

Rede Meio buscou no povo a fórmula para a construção de uma emissora capaz de enxergar a sociedade sem filtros | Foto: Arquivo Rede Meio

“Essa TV Timon, com língua mais solta, trouxe repórteres de fora, sem tantas amarras. O acesso local era praticamente todo dela”, explica o professor Fonseca Neto, do Departamento de História da UFPI.

Foi nesse período que o jornalista Donizetti Adalto chegou ao Piauí, vindo do Paraná. Ele assumiu atrações como Jogo Aberto e Comando do Meio-Dia, mas foi com o programa MN 40 Graus, ao lado de Carlos Moraes, que bateu recordes de audiência. O estilo direto, polêmico e combativo virou marca registrada.

Comando do Meio-Dia, com Carlos Moraes e Donizetti Adalto | Imagem: Arquivo Rede Meio

“Medo a gente não tinha. Quando você se pauta na verdade, não tem que ter medo. A TV Meio foi a propulsora do jornalismo local”, disse Carlos Moraes.

MN 40 Graus, com Donizetti Adalto e Carlos Moraes | Imagem: Arquivo Rede Meio

Donizetti foi assassinado em 1998, durante a campanha para deputado federal. O crime aconteceu na movimentada Avenida Marechal Castelo Branco, na capital piauiense, e teve grande repercussão no Brasil. “Eu saí do microfone direto para o velório. Um momento de dor para todos nós”, lembra Tomaz Teixeira, que substituiu Donizete no programa.

Tomaz Teixeira, à esquerda, chora ao substituir Donizetti Adalto | Imagem: arquivo Rede Meio

Nos anos seguintes, a emissora se expandiu, com equipes viajando por todo o Piauí para mostrar os desafios e a realidade do interior. O jornalista Marcelo Rocha relembra esforço da época em que a emissora viajava por várias cidades sem a velocidade da internet dos dias de hoje. "A gente pegava tecnologia. Qual era nossa tecnologia? Nós trabalhávamos com fita D20, era DVCAM. Fez a matéria, já estava o off, o textozinho dizendo como era. Botava o off dentro da fita, embalava a fita. Então a gente mandava para rodoviária para chegar logo na televisão", contou.

O programa Ronda, no ar há mais de 30 anos, é um dos mais antigos da casa. Já nos anos 2000, surgiram novos sucessos como o Bom Dia Meio Norte, Jornal Agora e 70 Minutos, que reforçaram o jornalismo como prioridade.

A emissora também investiu em tecnologia. Em 1996, implantou o primeiro sistema de uplink digital da América Latina. Em 2011, deixou de ser afiliada da Band e passou a ser uma rede independente. A cobertura da posse de Dilma Rousseff marcou a nova fase.

Atualmente, a Rede Meio tem mais de 15 horas de programação ao vivo todos os dias. Com foco em prestação de serviço, jornalismo policial, cobertura ao vivo e linguagem popular, a emissora segue sendo uma das maiores do país. “É o jornalismo da vida real, com informação, emoção, e, às vezes, até humor. Porque o povo gosta de ver a realidade, mas também precisa respirar”, disse Luiz Fortes, apresentador do Patrulha.

“Tudo que está ao vivo tem prioridade, porque a notícia acontece na hora”, completou Dudu Camargo, do Bom Dia Meio.