A unidade técnica da Justiça Eleitoral, por meio da 6ª Zona Eleitoral de Vila Mariana (SP), recomendou a desaprovação das contas da campanha de Zilu Camargo, de 66 anos, que concorreu a uma vaga na Câmara Municipal de São Paulo em 2024 pelo União Brasil. A empresária recebeu 4.579 votos e não foi eleita. A decisão final sobre o caso ainda será analisada pelo juízo eleitoral.
O que aconteceu?
Segundo parecer técnico, diversas irregularidades foram identificadas. Entre elas, um relatório financeiro referente a uma doação de R$ 550 mil foi entregue fora do prazo legal. A doação foi recebida em 30 de agosto de 2024, mas a documentação só foi apresentada em 3 de setembro.
Também foi apontado um gasto eleitoral de R$ 317.186,80 com recursos do Fundo Partidário, sem que houvesse contrato para comprovar os serviços. Outro valor de R$ 417.186,80, referente ao Fundo Especial de Financiamento de Campanha, foi usado em despesas com duas empresas, igualmente sem documentação apresentada. Além disso, o documento técnico identificou divergências entre os dados prestados pela candidata e aqueles registrados pelo partido em uma doação de R$ 3.214,28, indicando possível omissão de receita.
Em nota, o União Brasil declarou que Zilu recusou a equipe contábil fornecida pela legenda e contratou profissionais próprios para a prestação de contas.
A campanha da empresária apresentou documentos e esclarecimentos no dia 2 de julho para tentar justificar as inconsistências. Esses dados ainda não foram analisados pelo tribunal.
O que diz a defesa?
A defesa de Zilu alegou que o atraso na entrega do relatório da doação de R$ 550 mil foi causado por instabilidades no sistema da Justiça Eleitoral e classificou o ocorrido como uma “falha formal”. Sobre o valor de R$ 317 mil, afirmou que houve um equívoco na análise técnica e que o mesmo gasto teria sido contabilizado em dois fundos diferentes.
Já em relação à doação de R$ 3.214,28, a equipe explicou que houve erro ao informar o doador — que seria a Direção Municipal do partido, e não a Estadual. Sobre os R$ 417 mil, a defesa afirmou que se trata da soma de duas despesas regulares.
Em nota oficial, a advogada da ex-candidata também apontou possíveis falhas na análise do sistema da Justiça Eleitoral e destacou que essas questões seriam reavaliadas. “É comum que haja lacunas ao se fazer o upload dos lançamentos, uma vez que a quantidade de documentos é extensa”, afirmou.
O Ministério Público Eleitoral também se manifestou pela rejeição das contas, no fim de junho. Em parecer, o promotor Bruno Servello Ribeiro afirmou que as irregularidades apresentadas são “graves e insanáveis” e que comprometem a transparência e o equilíbrio da disputa eleitoral.
Nas redes sociais, Zilu contou com o apoio dos filhos e de figuras públicas como o ex-ginasta Diego Hypolito. Ao Tribunal Superior Eleitoral, ela declarou mais de R$ 8,6 milhões em bens e investimentos. As informações foram coletadas de Ricardo Pedro Cruz, do portal Splash UOL.