A família do cantor e compositor Jimmy Cliff confirmou, nesta segunda-feira, a morte do artista jamaicano aos 81 anos. De acordo com comunicado assinado pela esposa, Latifa, ele sofreu “uma convulsão seguida de pneumonia”.
o anúncio
“É com profunda tristeza que compartilho que meu marido […] partiu após uma convulsão seguida de pneumonia”, escreveu. Ela agradeceu o apoio recebido e destacou a relação do músico com o público: “Aos fãs ao redor do mundo, saibam que o apoio de vocês foi sua força durante toda a carreira”.
Cliff foi um dos nomes centrais do reggae e do ska jamaicano, conhecido por sucessos como “The Harder They Come”, “You Can Get It If You Really Want” e “Many Rivers to Cross”. Morava em Kingston e seguia ativo artisticamente. Seu último lançamento, “Human Touch”, retomava sonoridades dos anos 1960 e abordava temas ligados à solidão durante a pandemia.
JIMMY E O BRASIL
A relação com o Brasil, construída ao longo de décadas, reforça o impacto da notícia no país. A primeira visita ocorreu em 1968, quando participou do Festival Internacional da Canção, no Maracanãzinho, onde compôs “Wonderful World, Beautiful People”. No mesmo período, gravou o álbum “Jimmy Cliff in Brazil”, que trouxe versões de músicas brasileiras e referências ao Rio de Janeiro.
Nos anos 1980, tornou-se presença constante no país, especialmente no Rio, cenário do clipe de “We All Are One”, dirigido por Tizuka Yamasaki. Também desenvolveu laços profundos com a Bahia, onde dedicou parte da carreira ao estudo da diáspora africana no Brasil e viveu experiências que descreveu como espirituais.
A trajetória no Brasil reúne ainda episódios marcantes, como o show de 1980 ao lado de Gilberto Gil, quando recebeu, pouco antes de subir ao palco, a notícia da morte do pai, mas decidiu se apresentar.
Além da música, Cliff ganhou projeção no cinema ao protagonizar “The Harder They Come” (1972), obra fundamental para a difusão internacional do reggae. A ligação com o país se renovou anos depois, quando interpretou “Querem Meu Sangue” com os Titãs no Acústico MTV.
A notícia de sua morte encerra uma trajetória marcada por parcerias, afetos e forte presença na cultura brasileira. O legado permanece vivo na obra, nas colaborações e nas memórias espalhadas por diferentes regiões do país que o receberam como parte de sua história.