"As cisternas se acabando lá no sol e a gente precisando. Pra que o Governo mandou aquilo?". O desabafo é de um sertanejo que não quis ser identificado.
Sobrevivendo em meio à pior seca no Nordeste brasileiro dos últimos 40 anos, os canabravenses não conseguem entender o motivo das cisternas que poderia melhorar a realidade de cinquenta famílias, estarem acumuladas em um terreno em frente ao CRAS municipal há mais de três meses. Uma verdadeira tortura para os moradores que transitam todos os dias pela cidade, na expectativa de serem contemplados com uma delas.
As cisternas, feitas de polietileno, foram adquiridas pelo Ministério da Integração Nacional (MIN) como parte da ação do programa Água para Todos para atender as famílias da Região Nordeste, cada unidade custou em média R$ 5.090 para os cofres públicos, quase o dobro do preço das cisternas de placa (alvenaria), até então únicas construídas no País por ONGs que recebem apoio financeiro do Governo Federal. Alegando que, apesar de mais caras, as cisternas de polietileno são mais duráveis, resistentes e, principalmente, mais rápidas de ser instaladas - tendo em vista a urgência das famílias que enfrentam a seca, o Ministério da Integração Nacional optou em adotar essa nova tecnologia. O problema é que a "rapidez" prometida pelo órgão não saiu do papel.
Segundo o secretário municipal de agricultura, Alan Araújo, o atraso na entrega das cisternas está relacionado a uma parceria entre o Governo Federal e uma empresa terceirizada, que irá instalar as cisternas em todo Piauí. O prazo para serem instaladas era de 20 a 30 dias, contudo até esta data, continuam no mesmo lugar.