Oeiras/PI

Festa do Divino em Oeiras

4 de junho, domingo de Pentecostes. Fios de nuvens brancas passeiam pelo lindo c?u azul. Sol brilha com toda sua intensidade. Calor suavizado pelo vento frio, que soprava, desde a noite passada. O dia estava maravilhoso, ardente de f? e esperan?a, amor e paix?o, alegria e paz. Oeiras amanheceu, de branco e vermelho, as cores do Divino Esp?rito Santo. As pessoas caminhavam, lentamente, a passos curtos, conversando, sorrindo, com semblante de f? e satisfa??o. ? dif?cil imaginar, que naquele sert?o ?brabo?, se conseguisse observar a felicidade, estampada na face de jovens, adultos e idosos. A rua do Fogo parecia um cord?o umbilical, pulsando ora?es, 24 horas. A rua tinha sido aben?oada. O Divino tinha resolvido passar dois anos por l?. As fam?lias contempladas, R?go e Cassiano, estavam radiantes. A todo instante, agradeciam. Diziam ser uma ben??o de Deus. Ele, agora, decidiu, apenas dobrar o quarteir?o. Vai passar um ano, na morada dos Nunes, olhando para o altar da matriz de Nossa Senhora da Vit?ria. Cedo, a alvorada despertou a cidade. O foguet?rio acordou os dorminhocos. E, logo, a banda de m?sica saiu, animada, pelas ruas da primeira capital, tocando seus dobrados, contagiando sentimentos. A prociss?o saiu, com seu ritual secular, ao som do tambor, numa marcha lenta, que faz os cora?es transbordarem em sorrisos e l?grimas. Percorre cada paralelep?pedo, como se fosse as contas do ter?o. Casais, de bra?os dados, acompanham toda caminhada, passada por passada. Jovens transitavam atentos e desprendidos. Uma crian?a se solta da m?o da m?e, corre na dire??o do p?lio, olha, admirada, para o Divino, preso naquela caixa de madeira e vidro, o orat?rio, num misto de alegria e admira??o. A minha m?e, Socorro, conta que o tio Jos? Expedito, m?dico e membro da Academia Piauiense de Letras, ainda crian?a, olhou, triste, para o Divino, seu padrinho, e disse que se ele n?o fosse um pinto, iria pedir-lhe um presente. Ele o deu e o aben?oou, a sua sabedoria e dignidade. O Divino Esp?rito Santo p?ra. Desvia um pouco do seu caminho natural. Segue na dire??o, onde est? dona Carmem de Carvalho Reis, minha av?, testemunha maior de amor e f?, que uma pessoa humana pode ter e ser na face da terra. Com seus 95 anos bem vividos, vov? Carmem, de m?os postas, face r?sea, curva-se, ao gesto crist?o, que se repete, pelo segundo ano consecutivo, ? sua frente. Ent?o, segura a bandeira do Divino, beija o Divino, ora e agradece. Neste momento sublime, os olhos ficam embevecidos. A prociss?o continua. A igreja, lotada, transborda. A missa, cheia de gra?a e louvor. O evangelho do ap?stolo Jo?o, cap?tulo 20, vers?culo 19 ao 23. ?Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os disc?pulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, p?s-se, no meio, e disse-lhes : a paz seja convosco?. O Pai nosso, que estais no c?u. O cumprimento, apertado, e abra?os de paz. A comunh?o, entre irm?os, conterr?neos, contempor?neos. A b?n??o de despedida. A prociss?o retorna ? rua do Fogo, com os mesmos passos e dobrados, tudo em gestos de amor e f?. ? noite, o peregrino Divino vai,0 para sua nova morada, o lar da fam?lia Nunes. A sua jornada anual, segue a rotina do tempo, o caminho da paz, a luz divina, a b?n??o eterna, o sonho de quem tem f?. Doce f?. Augusto Clementino R?go Brand?o Jornalista

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