Os moradores do assentamento Cana Brava, no município de Jurema, estão preocupados com a demora no processo de individualização das propriedades pelo Banco da Terra que deve ser efetivado através do Banco do Nordeste. Eles temem perder todo o dinheiro referente ao pagamento já feito de 20% do valor da terra já que o prazo dado para a individualização vence no fim deste mês e ainda não tiveram uma definição sobre o caso.
?No dia 26 de junho deste ano, foi pago pelos assentados o montante R$ 5.477,03 a partir de orientação dos representantes do Banco da Terra. Todo o processo é para ser feito pelo Banco do Nordeste, mas o banco alega que o povo do Banco da Terra não manda a papelada para ser feita a individualização. Enquanto isso, estamos temendo um prejuízo?, afirma Diomar Pereira dos Santos, que é presidente da Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado Cana Brava, que congrega 26 sócios.
Segundo Diomar, o Banco da Terra precisa mandar com urgência os aditivos referentes ao processo para que os assentados assinem os documentos. Ele falou que os moradores já tiveram prejuízo na produção agrícola este ano por causa da seca prolongada e agora estão temerosos por causa da indefinição em relação à terra.
?Para comprar esta propriedade, nós assentados formamos uma associação para que o Banco da Terra pudesse financiar a compra. Esta terra não foi de graça não e nem barata. Para se ter uma ideia, uma parcela da operação de crédito no valor de mais de 900 reais de cada assentado foi paga por ano, mesmo com todos as dificuldades para se produzir no local e apurar o dinheiro. Já estamos na terra há mais de 10 anos e até há uma resolução que autoriza a renegociação da operação de crédito fundiário do Banco da Terra?, comentou Diomar.
Ele falou que, se não bastasse as dificuldades para produzir por causa da seca e da falta de infraestrutura, a terra do assentamento, muito tempo depois da venda para a Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado Cana Brava, foi vendida para outra pessoa em Sergipe conhecido como Sérgio Murilo.
?Este Sérgio Murilo entrou na Justiça para tomar a terra. Aí tivemos que contratar advogado e assumir altos gastos, mas o estranho é que o Banco da Terra não moveu uma palha sequer para nos defender mesmo sabendo que compramos a terra primeiro e ainda nos deixa sem resposta?, falou Diomar.
No assentamento, Diomar e os outros assentados produzem alimentos como mandioca, feijão e milho e criam pequenos animais. Chegaram a plantar mudas de caju, mas como a terra não é própria para este tipo de cultura, todas as 15 mil mudas foram perdidas por causa de erro cometido pelo técnico que fez o acompanhamento do plantio.